“Temos que continuar matando um leão por dia”, diz André Abujamra

“Multi” vem do latim multus. Significa múltiplo, numeroso. A palavra é perfeita para definir André Abujamra. Ator, cantor, compositor, dançarino, mágico, produtor, diretor, empresário e outras coisas mais. Em seu novo álbum solo, “O Homem Bruxa”, André demonstra, mais uma vez, que é multi-instrumentista.

Em comemoração aos seus 50 anos de idade, Abujamra toca piano, baixo, guitarra, bateria, percussão, conga, teclado e a tradicional flauta chinesa, Hulusi. Para atender a performance solo, a Traquina Musical, acoplada às alças de couro onde está o bumbo, serve como suporte aos demais instrumentos que são encaixados diretamente por conectores suspensos em hastes verticais tendo como conceito o “one man-band” (banda de um homem só).

Além de toda a exibição musical, o público que assiste O Homem Bruxa também pode ver perfomances inusitadas do artista no palco, como levitação. Esse, aliás, é literalmente o ponto alto do show. “A minha cabeça in-venta”, disse André em entrevista exclusiva ao Crônicas.

Reconhecido por potencializar suas obras e difundir novos e consistentes rumos na música brasileira unificada a cultura de todos os lados do mundo, o seu quarto álbum solo dá continuidade a uma linguagem já presente nos seus últimos trabalhos, como “O Infinito de Pé” e “Mafaro”.

É preciso de coragem e competência pra fazer o trabalho de Abujamra. Mas não é nada fácil. “Temos que continuar matando um leão por dia”, disse. Com shows semanais até o fim de outubro em São Paulo, o artista multifacetado conversou com Crônicas sobre a turnê e o atual cenário musical brasileiro.

Crônicas: Como surgiu a ideia de fazer tantas “bruxarias” no palco?

Abujamra: Surgiu da comemoração dos meus 50 anos. Queria fazer um espetáculo que não fosse só música e sim dança, teatro, cinema e alquimia.

Crônicas: Quantos instrumentos você toca durante o show? Teve algum que foi mais difícil pra aprender?

Abujamra: Toco piano, baixo, bateria, guitarra.. faço percussão e levito. O mais difícil é levitar (risos). O resto eu me viro.

Crônicas: O álbum é praticamente todo autoral. Como é o seu processo criativo? Como surgem suas músicas?

Abujamra: Olha, essa resposta é difícil. Elas surgem dentro da minha cabeça, porque eu vivo de inventar. A minha cabeça in-venta.

Crônicas: Em entrevista recente à Folha, você disse que a “musiquinha está toda afinadinha”, que as pessoas estão muito certinhas. Qual a sua opinião sobre a música brasileira atual? Tem espaço pra todo mundo ou o mercado impõe alguns gêneros?

Abujamra: Tem tanta coisa boa no Brasil e no mundo. Um artista não se faz de um CD, se faz de uma vida. Por isso, com crise ou sem crise, tendo espaço ou não, temos que continuar matando um leão por dia.

Crônicas: Fora a temporada de shows, está fazendo algum outro trabalho?

Abujamra: Tô fazendo a trilha sonora do novo filme do Aluizio Abranches, “Como Você Quer Seu Casamento”, com o Marcio Nigro e o Meno Del Picchia. Estou fazendo trilha para publicidade com minha nova produtora, a Mondo. Também está passando meu seriado no Canal Brasil, o “Sonhos de Abu”. Ah… e ainda cuido dos meus filhos.

Temporada de shows “O Homem Bruxa”

Local: Teatro Viradalata (Rua Apinajés, 1387 – Perdizes)

De: 24 de setembro a 29 de outubro (sempre às quintas-feiras)

Horário: 21h

Ingressos: R$60 e R$30 (meia entrada)

Veja o clipe de “O Homem Bruxa”: