Respeite as mina, as mana e as mona

Dia da mulher. Faz alguns anos que esse dia não representa mais da metade das mulheres que conheço.

Digo, é importante ter um dia especial assim, mas, não consigo encontrar a representatividade por trás dele. A não ser a que vem de nós mesmas e de toda a sororidade que só nós entendemos e exercemos umas com as outras. E olhe lá.

Porque na realidade, não adianta desejar feliz dia hoje, espancar a moça no resto do ano e botar a culpa na bebida.
Não adianta culpar a roupa dela pelo estupro sofrido. Nem a hora que ela tava na rua. Nem dizer que ela provocou.
Não adianta fazer joguinho psicológico pra que a mina pense que a culpa das suas traições é dela.

Não adianta se vestir de mulher no carnaval – só porque é carnaval – e tratar os LGBT com violência e como aberração o resto do ano.

Isso não é a inquisição, homi.

Nem um freak show de décadas atrás.

Muito menos a idade média ou das pedras.

Tá cheio de mina que faz papel de pai.

Vocês abominam o aborto, mas abortam todo dia.

Tá na hora de parar de tratar como privilégio o que devia ser direito.

Ah, e se você usa a palavra “feminazi”, tá na cara que não entende nem de um, nem de outro. Aliás, usar o termo “nazi” com essa conotação tão pejorativa indica o quanto falta amor e principalmente conhecimento de história. E empatia. Principalmente.

E não adianta mandar descarregar um caminhão de saco de cimento ou trocar um pneu, se quando vocês veem uma mulher trabalhando de mecânica, por exemplo, mandam ela voltar pro fogão.

Aliás, somos capazes de tudo isso. E não devemos nada a vocês.

E nem vamos voltar pro fogão.

E nem pro tanque.

Você que faça sua comida. E lave suas cuecas.

Nascer mulher num mundo do avesso como o nosso é praticamente uma sentença.

Respeite as mina, as mana e as mona.

Mas é aquele famoso ditado, né, mores:
~Lugar de mulher é onde ela quiser.~

E ah, a gente descobre qual é o sexo frágil quando um homem fica gripado.

Feliz dia, não só hoje, mas em todos os outros em que o instinto de sobrevivência fala mais alto do que a vontade de viver. Salve, mulherada!