O mundo de Sofia, uma introdução na filosofia

Talvez entender filosofia não seja tão difícil quanto se pensa. Ainda mais quando estamos falando de “O mundo de Sofia”, o romance de Jostein Gaarder, que conta a história da filosofia de maneira simples e envolvente.

A história gira em torno de Sofia, uma menina norueguesa que, às vésperas de seu aniversário de 15 anos, começa a receber correspondências misteriosas com lições filosóficas. A menina então embarca nesse enredo por meio de cartas, vídeos e bilhetes, que mais tarde, descobre serem endereçados por um homem misterioso chamado Alberto Konx, que passa a ser seu professor de filosofia.

Somos convidados a conhecer os pensamentos e ideias de Platão, Aristóteles, Sócrates, Santo Agostinho e Kant, entre outros. Fala-se de ética, destino, fé, política, natureza etc. Como é bem próprio da filosofia, somos instigados a refletir sobre o presente, passado, e futuro. “Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos?”.

Ao mesmo tempo, ela começa a receber cartões postais do Líbano destinados a Hilde Knag, que Sofia não faz a menor ideia de quem seja. Só sabe que coincidentemente (ou não) as duas fazem aniversário no mesmo dia. Ao longo da história esses cartões ficam ainda mais misteriosos. Isso confere ao romance um certo ar de suspense e ansiedade.

Se o objetivo do autor é fazer com que os leitores adquiram o gosto pela filosofia, e busquem voos mais altos com leituras mais elaboradas, acredito que o objetivo foi alcançado.

Tudo isso fez do livro um grande sucesso editorial com mais de 1 milhão de exemplares vendidos no Brasil, e que deu origem a um filme com o mesmo título. “O mundo de Sofia” instiga você a conhecer com mais profundidade os pensamentos e os grandes filósofos. É uma leitura prazerosa que nos introduz no mundo filosófico e nos convida a refletir e mergulhar com Sofia nesse seu pequeno grande mundo.

“[…] um coelho branco é tirado de dentro de uma cartola. E porque se trata de um coelho muito grande, este truque leva bilhões de anos para acontecer. Todas as crianças nascem bem na ponta dos finos pelos do coelho. Por isso, elas conseguem se encantar com a impossibilidade do número de mágica a que assistem. Mas conforme vão envelhecendo, elas vã se arrastando cada vez mais para o interior da pelagem do coelho. E ficam por lá. Lá embaixo é tão confortável que não ousam mais subir até a ponta dos finos pelos lá em cima. Só os filósofos têm ousadia para se lançar nessa jornada rumo aos limites da linguagem e da existência. Alguns deles não chegam a concluí-la, mas outros se agarram com força aos pelos do coelho e berram para as pessoas que estão lá embaixo, no conforto da pelagem, enchendo a barriga de comida e bebida.
– Senhoras e senhores – gritam eles -, estamos flutuando no espaço
Mas nenhuma das pessoas lá debaixo se interessa pela gritaria dos filósofos
– Deus do céu! Que caras mais barulhentos! – elas dizem.
E continuam a conversar: será que você poderia me passar a manteiga? Qual a cotação das ações de hoje? Qual o preço do tomate? Você ouviu dizer que a Lady Di está grávida de novo?”  p. 31