Guia de Sobrevivência na Bienal do Livro

ESTAR NA BIENAL NÃO É FÁCIL. O texto já começa em caixa alta pra você não dizer que eu não avisei.

É muita gente, muito livro, muita tentação, muita falta de grana. Eu sei. Não tá fácil pra ninguém.

Na última Bienal, em 2014, a crise ainda não tava tão iminente e a galera ainda conseguia respirar fundo pra guardar uma grana pra gastar por lá. Agora, tá pior. Então senta aí, pega o caderno e anota as minhas dicas (I have been there, done that… sei do que tô falando).

 

1) Leve comida

A comida é um pesadelo de cara. Mais do que em shows. Mais do que carrinho de cachorro quente em dia de show. Mais do que porção de batata frita em pub. Mais do que cerveja long-neck em boteco. Mais do que o preço do 3G quando você estoura a franquia. É CARO. Leve comida de casa. Você vai sentir fome e ser obrigado a passar DUAS HORAS na fila, esperando pra pagar 10 reais num pastel ruim ou num crepe, minúsculo, que não vai encher nem 1/5 do seu estômago acostumado com baldes de pipoca e seis pacotes de bolacha por dia.

 

2) Leve água, numa garrafa térmica

Eu sei, água não é uma bebida muito atrativa, mas:

– refrigerante esquenta;

– refrigerante sacode;

– suco quente dá piriri;

– garrafa de água comum amassa na mochila, esquenta e você vai conseguir fazer um chá quando tiver sede o suficiente pra lembrar que tem água na bolsa.

 

3) Estabeleça um limite de gastos

Eles aceitam CARTÃO DE CRÉDITO. E as operadoras de cartão de crédito costumam dar limites espalhafatosos, achando que todo mundo tem renda extra. Gente. Pelo amor de Deus. Raríssimas são as pessoas que têm renda extra. A maior parte das pessoas tem 85% da renda comprometida só pelas contas fixas. NÃO DÁ PRA IR COM CARTÃO DE CRÉDITO PRA BIENAL. Saque dinheiro e leve o valor EXATO que você pode gastar sem precisar almoçar cachorro quente simples de R$4 pelo resto do mês.

 

4) Conheça novas obras

Sabe aquele livro que o booktuber falou muito e amou e releu doze vezes? Compra ele na internet, depois. A Bienal do Livro é lugar pra meter a cara a tapa e bater papo com o vendedor. Conhecer obras novas, cansar a vista de ler introdução e perguntar: “o que esse aqui te fez sentir?” até receber como resposta algo que te pareça realmente digno de gastar o seu dinheiro limitadíssimo, como dei a dica no Item 3. Porque fiz isso, conheci duas obras que, hoje, amo e indico pra todo mundo.

 

5) Vá atrás dos estandes menores

O tamanho do estande é proporcional ao preço que as empresas (editoras, sebos e revendedoras) pagaram pra estar ali. Quanto menor o estande, menor o preço. Ou seja: menos custo pros livros. Vá neles. Sebos vão aos montes com preços que você vai querer abraçar o vendedor! Compre biografias, livros raros, edições especiais… Delicie-se! Você ganha duas histórias: a do livro e a do dono anterior.

 

6) PROCURE

Tem muita promoção. Tem muito livro BOM por R$10. Bienal não é lugar pra comprar lançamento. Lá, lançamento e best-seller vai ter preço de capa como no resto das livrarias do universo. Lá é lugar pra comprar livro de autor independente (e pegar autógrafo!), lugar pra comprar livros clássicos em edições lindas, levar pra casa coleções inteiras de +20 livros por R$100. É pra você ir até o fundo, negociar e levar pra casa o que é realmente vantajoso. De resto, pelo amor de Deus, DEIXA LÁ.

 

E, por último: 7) DIVIRTA-SE!

A Bienal é uma experiência. Não perca um só segundo.

<3

A poesia da contradição escrevendo uma coletânea vitalícia de histórias que vivi e inventei.