Desculpe o transtorno, preciso falar sobre amor

“Conheci ele no Twitter. Lá era presença confirmada. Sempre postando uma coisa ou outra sobre arte e cultura – suas maiores paixões. Quando falo que o conheci na internet, já se imagina que fora algo superficial. Não, na verdade. Nunca esquecerei: minha primeira paixão foi seu nome; justo o que mais gosto. Foi amor à primeira vista para os dois, acho. Depois passamos a conversar. Primeiro por inbox, depois WhatsApp. Marcamos uma saída.

Fomos ao cinema. Nossa intuito era assistir um filme que agora não me lembro o nome, mas não tinham horários disponíveis naquele 2 de janeiro. O que me lembro, e bem, foi de sua ingênua epifania ao descobrir que nossos óculos eram iguais: “Que lindo seu óculos. É igual ao meu”.  E lembro dos nossos beijos e das mãos bobas no meio de um filme o qual escolhemos de última hora só para não perder viagem. Era sobre grafite.

Ele não é de São Paulo, mas do interior, umas 2 horas de carro. Estava passando o fim do ano. Iria embora naquele dia do nosso primeiro encontro. Mas ficou mais um dia e, no 3 dia do ano, fomos ao cinema assistir o tal filme que queriamos no dia anterior.

Na internet eu dizia querer namorar. Na vida real fiquei sem reação quando ele propôs. Isso acabou com seu emocional. Fui um idiota.

Depois disso, cheguei em casa e me arrependi. Enviei uma mensagem: “eu aceito”. O tempo passou e cedi a pressão interna. Terminei na primeira briga. Mas aquele desejo e amor cresciam e ele acabara de se tornar o único cara que me conquistou, mesmo não sendo maduro o suficiente para assumir uma relação daquela.

Entre brigas, bloqueios, encontros, e beijos, foram dois – quase três – anos. Trocamos ofensas terríveis e o maior culpado de tudo sou eu. Excêntrico que sou – para não dizer louco – nunca me decidia. Queria-o, mas não naquela situação. Cheguei a imaginar que, no futuro, nos reencontraríamos e seríamos felizes. Nós e nossos gatinhos, cada um com um nome de artista diferente. Adotaríamos um Michael, uma Madonna, uma Cher, uma Britney, um Freddy. Cultura Pop é um de nossos interesses em comum e faziamos planos sobre o nome de nossos gatos enquanto caminhávamos nas ruas do centro. Nem tudo são flores. Não pude me despir da maneira correta – em relação aos sentimentos. A vida não me ajudou a mostrar o que sinto.

Minha memória mais feliz é de uma madrugada que passamos na Av. Paulista, assistindo filmes, conversando, dando uns beijos. Dormi em seu ombro no cinema. Que bom foi aquele sono.

Hoje não nos falamos mais, depois de muito tentar uma reaproximação. Acho que ele cansou desse cara que diz uma coisa e faz outra por puro descontrole emocional. Também pudera.

Se pudesse mudar algo em mim seria minha frieza e falta de tato. Seria minha falta de amor para comigo que reflete em minhas relações interpessoais. Me culpo em partes, sei que alguma coisa a vida me ensinou errado.

Nem todas as relações dão certo, embora haja um sentimento bom. As circunstâncias importam. A vida não é um conto de fadas e aquele “felizes para sempre” está cada vez mais obsoleto. As coisas nem sempre saem como planejado e nem sempre têm planejamento. Eu e ele, nós, como indivíduos, não pudemos estar junto mesmo que quisessemos. Porque, sinceramente, não deu. Simplesmente assim: não deu certo e não tinha como dar. Queria que desse, mas, não.

Não sou digno de pena ou empatia. Errei, sim. E perdi minha chance de ser um tanto mais feliz. Depois de um milhão de pedidos de desculpas, sigamos em frente.”