Deixa a vida bater. Vai ficar tudo bem!

Comemoro meu aniversário daqui menos de um mês. Dia 21 de dezembro, há vinte anos, nasci. Nova, sou. Sagitariana, por sorte. O ascendente em capricórnio me leva às 14h de trabalho e a lua em sagitário às vinte e quatro rindo no tom mais alto que eu conseguir. Ainda bem.

Enfim: daqui menos de um mês completo mais um ano e, a trancos e barrancos, nunca estive tão feliz em toda a minha vida. Passei muito tempo tentando levar todos os meus problemas como urgências inadiáveis com as quais eu precisaria me preocupar e carregar todos os dias nas costas para resolver. À duras penas, descobri que não funciona. Não adianta. Entorta a coluna, dói os ombros, pesa a alma. Problema foi feito pra ser resolvido, não acoplado. Deu errado? Soluciona. Não tem como? Paciência. Deixa em stand-by. Ele existe, tá ali, a gente sabe. Mas não precisa estar na sua mochila. Não precisa pesar no seu almoço. Não precisa ser seu cobertor. Deixa ele ali, sendo um problema que, mais cedo ou mais tarde, deixa de ser. Deixa.

Daqui um mês completo vinte verões (nasci no dia que inicia essa estação – eu vim e trouxe o sol) e, desses, esse último ano foi o que me exigiu mais resiliência.

resiliência é a capacidade que um material tem de passar por situações de estresse sem alterar seu estado inicial. 

Alguns anos atrás, perdi amigos. Familiares. Mudei de casa. De cidade. De valores. Perdi amores. Mudei de cabelo. Ouvi escrachos. Já passei por muito.

Mesmo assim, 2016 vai além. 2016 foi o ano de jogar fora tudo o que não devia ser: amizade encostada? Corta. Colega de trabalho acomodado? Fora. Preguiçoso? Longe de mim. Amor? Só se for pra mim. Só se for o meu.

Esse ano foi muito. Em 2015, pedi que 2016 viesse com tudo. Taí, veio.

Bateu, apanhei.

Agora é a minha vez.

Porque comemorar a própria vida é meu direito e eu cheguei até aqui. Agora é hora de encher as canecas, erguer os braços e brindar. À vida que, apesar dos trancos e barrancos, tem sido ótima. Aos amigos que ficaram. Aos que chegaram. Aos que apareceram. Aos que reconheci. Aos que se foram – que passem bem. Um brinde aos dias de sol, aos dias de paz, aos dias de luta e aos de glória – salve, salve, Chorão!

Um brinde às pedras do caminho: sobrevivemos a todas. Às canções que cantamos, aos poemas que recitamos, à vida que dividimos.

Agora é hora de vestir a melhor roupa possível, carregar comigo o maior sorriso e deixar a vida entender que ela bate, eu apanho, mas sou teimosa e não desisto. Se é no tapa que ela quer tentar me vencer, boa sorte! Só ando em boa companhia.

O último mês desse ano vai ser lembrado como o mês em que a vida foi comemorada. Eu quero agradecer por ter sobrevivido até aqui. E melhor: por ter vivido durante todo o percurso, sem ficar em ponto morto por aí.

Ontem, minha amiga me enviou um texto lindíssimo que dizia “você tem o coração do tamanho de um punho, porque precisa dele para lutar”. Faz todo sentido. A gente luta de peito aberto contra o mundo. É mais bonito do que fácil, mas uma das minhas cantoras preferidas – que sorte eu tenho de também tê-la como amiga – tem um samba delicioso de escutar que diz que vai ficar tudo bem, sim.

Eu nunca duvidei.

Vamos celebrar!

A poesia da contradição escrevendo uma coletânea vitalícia de histórias que vivi e inventei.