Os grandes acertos e pequenos erros do filme Besouro Azul

Cena do filme Besouro Azul, da Warner
Besouro Azul é um filme que tem muito mais acertos do que erros (Fotos: Warner)

Besouro Azul chegou aos cinemas nesta quinta com uma difícil missão. Ser o primeiro filme da Warner/DC depois de um dos maiores fracassos de bilheteria da história do estúdio, o execrado The Flash.

E vamos ser sinceros, Besouro Azul não traz absolutamente nenhuma novidade. Tudo o que você vê no longa já foi feito em dezenas (com aquela impressão de milhares) de filmes de super-heróis. Inclusive, algumas cenas parecem requentadas de algumas películas da Marvel, como o ônibus sendo partido ao meio (de Dr. Estranho); o encontro com um familiar morto num “além-vida” (de Pantera Negra); o aprendizado confuso em uma simbiose tecnológica, ou alienígena, seguido de uma vozinha interna como guia (de Homem-Aranha ou Venon, até).

Mas agora temos uma reviravolta. Pois, por incrível que pareça, isso tudo não é ruim.

Os filmes de heróis hoje em dia beiram a megalomania. São centenas de personagens em tela, cidades, países e até mundos dizimados, vilões indestrutíveis, viagens no tempo e multiversos usados a torto e a direito. Eis que chega Bezouro Azul, e a DC faz o que devia ter feito desde o começo: o famoso feijão com arroz.

Besouro Azul é uma história cheia de clichês, mas é honesto, é simples, é divertido e gostoso de assistir. O super-herói em questão precisa apenas aprender sobre os novos poderes e defender a família, nada de extravagâncias. É um filme para sentar, desligar a mente e curtir uma boa aventura.

Origem da família do filme Besouro Azul

Uma família como a nossa

E o conforto já começa com a família Reyes. Como é bom ver outra cultura em destaque que não seja a americana. Cada integrante dos Reyes merecia um arco próprio na próxima fase da DC.

O burlesco tio Rudy (George Lopez), a superprotetora Rocio Reyes (Elpidia Carillo), a espirituosa Milagro (Belissa Escobelo) e por último, e definitivamente não menos importante, a revolucionária vovó Reyes (Adriana Bazarra). No meio de tanta personalidade, o protagonista Jaime acaba sendo o personagem mais sem sal.

Não me entenda mal, Xolo Maridueña é um ótimo ator e se entrega no papel, mas por ser tão bonzinho, beirando a pureza, faz com que a gente revire os olhos em alguns momentos.

O filme ainda critica, bravamente, os Estados Unidos.

O diretor Angel Manuel Soto sabe bem o que faz ali, já que, como porto-riquenho, é latino mas tem uma ligação com o tio Sam. As cutucadas são certeiras, como quando a irmã de Jaime diz que eles (mexicanos) são invisíveis para os ricos, ou o diálogo sobre as grandes empresas tomando a casa dos mais pobres, e até o preconceito de uma secretária que confunde Jaime com um entregador e insiste em chama-lo de “Djei-me” e não de “Hai-me”; isso sem contar a cena rápida mostrando os Estados Unidos preocupados com a democracia da Guatemala, enquanto realiza mais uma guerra.

Ah, e dá gosto de ver as referências latinas. Talvez passe batido pelos yankees, mas para nós, brasileiros, arranca um sorriso toda vez que os Reyes citam Maria do Bairro ou Chapolin Colorado.

Xolo Maridueña e Bruna Marquezine na CCXP 2022
Xolo Maridueña e Bruna Marquezine na CCXP 2022 (Foto: Divulgação/CCXP)

Orgulho 100% nacional

E falando em brasileiro, sentiu falta de alguém no texto? Exato. Bruna Marquezine faz seu debut em Hollywood. E com honras. A atriz não decepciona quando se é exigido dela e tem um bom tempo de tela, fazendo a trama andar. Merece estar em mais produções daqui em diante.

Susan Sarandon, é você?

Infelizmente, não podemos dizer o mesmo da tia dela no filme. A vilã deixa muito a desejar. Susan Sarandon é uma atriz excepcional, mas parece não fazer muito esforço para trazer vida à bilionária Victoria Kord. É uma antagonista bem genérica, infelizmente. Mas talvez, por ser a mais americana em um filme que exalta os latinos, seja um belo castigo.

No final das contas, o saldo é positivo. Besouro Azul tem tudo para ser um respiro a um estúdio que estava, há tempos, precisando de um.

Besouro Azul

  • Onde assistir: Em cartaz nos cinemas
  • Nota no IMDB: 7,0/10 – Menos de 5 mil avaliações
  • Rotten Tomatoes: 79% de aprovação da crítica / 95% do público

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Breno Piero
Jornalista, roteirista, escritor e viajante do tempo. Sente constantemente a perturbação da força. É contra remakes, mas pode ser convencido do contrário lá no Insta @brenopiero.