O que alguém que não viu o anime achou do live-action de ONE PIECE

Iñaki Godoy surpreende positivamente como o personagem Monkey D. Luffy em One Piece
Iñaki Godoy surpreende positivamente como Monkey D. Luffy (Foto: Divulgação/Netflix)

Transformar obras orientais famosas em live-action é uma das tarefas mais ingratas que podem existir. Não é fácil agradar ao público fiel desse material e nem adaptar histórias muitas vezes surreais demais para o padrão real. A lista de fracassos é enorme. Temos alguns exemplos como Death Note, Ghost in the Shell, Dragon Ball, Samurai X, Alita, Speed Racer, Cowboy Bebop e Cavaleiros do Zodíaco. One Piece é um desafio ainda maior.

É o anime de mais longa duração até hoje e, antes disso, o mangá com mais tempo em circulação, sendo revista mais vendida da história. E tem a maior tiragem inicial de qualquer livro no Japão. São mais de 25 anos de aventuras.

E eu tenho que confessar que não acompanhei nenhuma delas.

Fui assistir à série da Netflix sem saber absolutamente nada sobre os personagens. A única informação que tinha era de que One Piece contava a história de piratas em busca de um tesouro. Fim.

Não posso escrever aqui como a Netflix errou ou acertou na adaptação e se está fiel ao mangá ou não. Sou a parcela do novo público. Mas se a intenção do streaming era conquistar essa fatia, conseguiu.

One Piece me surpreendeu positivamente, ao começar pelo protagonista.

Quando a Netflix anunciou Iñaki Godoy como Monkey D. Luffy, fiquei com um pé atrás porque sempre imaginei o garoto como um oriental. Mas o mexicano está perfeito no papel. Ele parece se divertir ao interpretar o pirata, cativando com seu otimismo e ingenuidade. A introdução dele e do resto do bando (que insiste em dizer que não é um bando) são bem construídas; Nami (Emily Rudd) e Roronoa Zoro (Mackenyu) têm seu espaço para brilhar e crescer na trama.

Os flashbacks estão bem posicionados na série, contextualizando as motivações dos personagens.

E achei incrível como One Piece conseguiu transitar entre cenas quase infantis para momentos violentos em questões de segundos. As lutas foram bem coreografadas e os efeitos especiais estão de parabéns.

A série entrega muito dos traços caricaturais, comum nos mangás, mas nada que Scott Pilgrim já não tenha até abusado em um live-action, então estamos acostumados. Até mesmo a demasiada fantasia em alguns momentos, como telefones de caracol e um palhaço sem corpo, não chega a incomodar se lembrarmos da origem cartunesca de One Piece.

Como um novo integrante do bando do chapéu de palha, meus votos são de que os antigos fãs tenham também uma boa impressão da série e que a tripulação de Luffy possa ter uma longa vida para explorar este mundo vasto e mágico.

One Piece – 1ª temporada

  • Avaliação: Bom
  • Onde assistir: Netflix, 8 episódios
  • Nota no IMDB: 8,6/10
  • No Rotten Tomatoes: 80% de aprovação dos críticos; 95% do público

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Breno Piero
Jornalista, roteirista, escritor e viajante do tempo. Sente constantemente a perturbação da força. É contra remakes, mas pode ser convencido do contrário lá no Insta @brenopiero.