Episódio 6 de Ahsoka não tem Ahsoka, mas finalmente revela Thrawn

Lars Mikkelsen como Thrawn no episódio 6 de Ahsoka (Foto: Disney+)
Lars Mikkelsen como Thrawn no episódio 6 de Ahsoka

Um episódio de Ahsoka sem Ahsoka. Uma jogada ousada, mas que funcionou bem demais, provando que temos ótimos personagens nesta série. “Far, far away” apresenta Thrawn e traz uma aparição relâmpago da nossa protagonista. E mesmo que seja rápido, o diálogo de Ahsoka (Rosario Dawson) com Huyang (David Tennant) é cheio de metalinguagem, mostrando que Dave Filoni (o showrunner da série) tem domínio e conhecimento do produto que apresenta.

O dróide cita histórias que contava para a togruta, na forma de trilogia, como funcionam os filmes da franquia. Ahsoka diz que sempre gostou mais da primeira parte. Seria uma forma de Filoni demonstrar sua preferência por Ameaça Fantasma, Uma Nova Esperança ou O Despertar da Força; respectivamente os primeiros longas da trilogia prequela, da original e da sequência. Ela ainda pede para que Huyang conte um desses contos, e ele começa com “Há muito tempo, em uma galáxia muito, muito distante”. Lembra algo? E assim Filoni declara todo seu amor pela saga em poucos minutos.

E é para essa galáxia distante que a história segue.

Acompanhamos o grupo de Morgan Elsbeth (Diana Lee Inosanto) chegar até Peridea, planeta aonde as Purrgils vão antes de morrer. Lá temos finalmente a aparição, em live-action, das novas Irmãs da Noite e o tão aguardado retorno de Thrawn.

Talvez o maior deslize do episódio está na apresentação desses citados. O que funcionou na animação parece não encaixar muito na série; as bruxas e o Grão Almirante passam a sensação de um cosplay mais empobrecido desses eventos do mundo real, tirados diretamente dos desenhos. Não chega a incomodar, mas é insuficiente para o padrão que Star Wars é capaz de apresentar.

No assunto atuação, é preciso tirar o chapéu para Lars Mikkelsen como Thrawn.

O ator, que já deu voz ao almirante na animação Rebels, conseguiu deixar o vilão ainda mais amedrontador neste formato, com o jeito de andar e olhar.

Os Troopers apresentados aqui são um espetáculo à parte. É incrível que eles aparecem sujos, com peças faltando, mas esses estilos maltrapilhos não os deixam frágeis. Pelo contrário. Eles ficam ainda mais imponentes e ameaçadores, tornando-se superiores aos soldados arrumadinhos do Império que já vimos tantas e tantas vezes.

Detalhe para o braço direito de Thrawn, que leva o nome de Enoch (Wes Chatham). O novo personagem usa uma máscara dourada no capacete, igual a um personagem de Ben 10 (isso mesmo que você leu) que tem o nome de, adivinha só, Enoch. O que será que Filoni quis dizer com isso?

Em outro momento do episódio, o diálogo apela novamente, e com maestria, para a metalinguagem já citada acima, quando Baylan (Ray Stevenson) explica que a história de Star Wars é cíclica. Baylan, aliás, segue como o grande mistério da série, com uma dualidade muito difícil de ser criada em um personagem. As opções para Baylan são tantas que ele poderá, até o final do show, ser um grande aliado para Ahsoka ou até mesmo um vilão muito pior que Thrawn.

Os novos personagens do planeta Peridea, que levam Sabine até Ezra, mostraram em pouco tempo de tela que têm um grande potencial e carisma para, se bem explorados, serem o que os Ewoks foram em O Retorno de Jedi.

O encontro entre Sabine e Ezra (Eman Esfaldi) foi menos comovente que o esperado, faltando um pouco de química, talvez. Não que seja culpa dos atores. Tanto Bordizzo quanto Esfaldi estão fazendo um ótimo trabalho com seus personagens. Quem sabe eles não precisem mais de tempo de tela juntos, apenas.

Faltam dois episódios para o fim da série, e agora as peças já estão todas posicionadas. O confronto promete ser grandioso em Peridea, em uma galáxia muito, muito distante.

Breno Piero
Jornalista, roteirista, escritor e viajante do tempo. Sente constantemente a perturbação da força. É contra remakes, mas pode ser convencido do contrário lá no Insta @brenopiero.