Crítica: Por que Ahsoka é uma nova esperança para Star Wars?
Star Wars, uma nova esperança, foi o pontapé inicial do que hoje se tornou um produto super conhecido e rentável. É inegável o sucesso da franquia. Mas de 1977 até aqui, muita coisa mudou. O fandom cresceu, a expectativa aumentou, e Star Wars se tornou refém dos fãs mais xiitas. É nítido que cada derrapada aconteceu quando os responsáveis decidiram que o mais importante era agradar esse grupo. Todo esse caminho foi longo e cheio de polêmicas, como os discursos de ódio a muitos atores que passaram pela saga, mas isso é uma história para outro momento.
A chamada trilogia sequela é um bom exemplo da influência dos fãs mais radicais. Os três filmes são desconexos na tentativa de satisfazer os mais exigentes, que usaram a internet (algo que não tinha nos anos 1970 e 1980) para destilar todo o veneno guardado e decidir como tudo aquilo deveria ou não ser feito.
A série de Obi-Wan Kenobi é outro ponto a ser discutido. O jedi é um dos mais queridos dos amantes de Star Wars, que pediram insistentemente por uma aventura do aprendiz de Qui-Gon Jinn. Pedido aceito, série desastrosa. Boba Fett também era um dos queridinhos do público. Ora, vamos fazer um show do caçador de recompensas o mais rápido possível. Outra infelicidade.
The Mandalorian surgiu sem muito alarde e conquistou os admiradores, principalmente com Grogu (o baby Yoda, para os mais íntimos). O que aconteceu? Grogu foi trazido novamente para uma terceira temporada, de forma gratuita e totalmente descartável.
Dito isso, chegamos a Ahsoka Tano.
A personagem caminha em uma linha tênue entre agradar os fãs radicais e o cativar o público que nada sabe sobre ela. Uma missão difícil para Dave Filoni (criador da personagem e showrunner da nova série da Disney+), que mostrará em oito episódios se Ahsoka veio para satisfazer a vontade dos mais inflexíveis ou se terá a personalidade de The Mandalorian ou Andor. Por enquanto, Ahsoka já chega fazendo história. É o primeiro seriado focado num personagem “não-humano”.
Nos dois primeiros episódios, lançados simultaneamente, Filoni conseguiu agradar a gregos e troianos. Ahsoka é o puro creme de Star Wars, começando com um texto em tela, uma sequência de tirar o fôlego dentro de uma nave, ótimas lutas com sabres de luz, referências as obras anteriores e uma trilha sonora empolgante que encaixa em cada cena.
Ahsoka: antes e durante a série
Filoni prometeu que não seria necessário saber das aparições anteriores de Ahsoka para entender a história, e cumpriu em partes o combinado. Quem tem o primeiro contato com a alienígena togruta entende a história que é apresentada ali. Na série, Ahsoka (Rosario Dawson) está mais responsável, sisuda, e quase não lembra a padawan de Anakin Skywalker que já foi apelidada de “abusada”.
Quem conhece agora a protagonista não sentirá falta disso, mas quem acompanha Ahsoka Tano desde o começo tem uma leve inquietação em como a protagonista é mostrada desta vez. É uma evolução natural da personagem, que agora é uma adulta com muita bagagem no universo de Star Wars, mas não deixa de ser um incômodo.
O cargo de abusada passa agora para Sabine Wren (Natasha Liu Bordizzo), que está incrível no papel. Inclusive, pelo menos até o momento, a série deveria se chamar Sabine e Ahsoka. A mandaloriana de Rebels tem as melhores cenas desses dois primeiros episódios e se destaca quando aparece com a Jedi. Temos também a participação, ainda sem sal, de Hera (Mary Elizabeth Winstead). Vamos aguardar o desenvolvimento dela. E os poucos minutos do droide Chopper mostram o porquê de ele ser o melhor robozinho de Star Wars.
->>> Quem é quem em Ahsoka? Entenda série do Disney+
Novos vilões de Star Wars
Baylis Skoll (Ray Stevenson) é um antagonista formidável, que com a dualidade já mostrada nos dois primeiros episódios, prova que tem potencial para cair nas graças do público (até dos já citados radicais). Uma pena que o ator morreu em maio e não pode acompanhar o carinho que já recebe e que deve continuar recebendo.
A aprendiz de Baylis, Shin Hati (Ivanna Sakhno) deixa a desejar, mas ainda é cedo para julgá-la. A volta de Morgan Elsbeth (Diana Lee Inosanto) fascina ao nos mostrar um lado ainda pouco explorado no universo principal de Star Wars, a bruxaria. Isso significa que As Irmãs da Noite, um ótimo clã da saga, está bem próximo de ser apresentado.
Por enquanto, Ahsoka supera as expectativas pois parece não se dobrar aos caprichos dos fãs xiitas. “Hoje em dia há poucos que conseguem exercer a Força”, é dito em certo momento da série. Ahsoka mostra que a força está sim com ela, pelo menos por enquanto. Só espero que esses fãs do lado sombrio não atrapalhem.
LEIA TAMBÉM: