Crítica: Agente Stone mascara superficialidade com pancadaria
Gal Gadot foi o maior acerto na bagunça que foi o universo cinematográfico da DC, com a Mulher-Maravilha ganhando o carinho do público. É inegável que muito se deve ao carisma da atriz israelense, que desta vez, trouxe todo esse magnetismo para mais um produto Netflix: Agente Stone.
[Aviso: spoilers do filme a seguir] Gadot é Rachel Stone, uma agente novata e, a princípio, insegura. Mas logo descobrimos que Stone é uma espiã num jogo duplo. Trabalha para a MI-6 ao mesmo tempo que responde para A Carta, uma super agência poderosa e não governamental.
O começo do filme prometeu um thriller de espionagem bem diferente, fazendo com que Gadot fosse uma salvadora oculta enquanto desvendava o mistério da vez, mas se perdeu antes da primeira hora, infelizmente.
O momento em que Parker (Jamie Dornan) mostra quem é surpreendeu um total de zero pessoas, já que as pistas foram bem explicitas até o momento da revelação, um completo tom de cinza. E a reviravolta mudou também a empolgação inicial do filme. A partir dali, Agente Stone se tornou um amontoado de clichês. Perseguição de moto, salto sem paraquedas, tiros que nunca acertam a protagonista.
Dá para passar horas citando cada um deles.
Os erros de Agente Stone na Netflix
Outro deslize foi a participação de Matthias Schweighöfer, que faz o Valete em Agente Stone. Um ótimo ator, mas que foi desperdiçado no filme, servindo apenas como uma espécie de “aplicativo de localização”, mexendo as mãos sem parar como Tom Cruise fazia em Minority Report. Poderia ser muito melhor aproveitado.
Falei sobre A Carta ali em cima, uma super agência poderosa e não governamental. E acabei de repetir as mesmas palavras que usei antes propositalmente, já que a única coisa que nos é mostrada no filme sobre a equipe é isso, uma super agência poderosa e não governamental. Desculpe o eco novamente. E essa superficialidade é mais um dos erros do filme. É difícil fazer uma história de espionagem quando o assunto já está tão desgastado na sétima arte, mas um pouco de desenvolvimento poderia ajudar a mudar essa história.
Em Agente Stone, A Carta é um grupo que remete aos naipes do baralho. Temos quatro reis aqui; ouro, copas, espadas e paus. E em cada família, temos os agentes. Stone é a nove de copas, por exemplo. A ideia é ótima e não deixa de ser original, mas muito mal executada. Os Reis aparecem rapidamente e são eliminados com facilidade. Apenas poucas informações são dadas sobre eles. Novamente, um pouco mais de desenvolvimento nos entregaria uma ótima e nova aventura.
Filme Netflix é um prato cheio de clichês de ação
O longa usa e abusa dos clichês e frases de efeito para explicar o todo poderoso Coração. “a coisa mais próxima que a humanidade tem de uma inteligência perfeita”, “a arma mais perigosa”, “capaz de derrubar governos e civilizações”, “trilhões de pontos de dados”.
Mas, no final das contas, o Coração é apenas um MacGuffin (aquele dispositivo de enredo que serve para fazer a trama andar, mas que no final das contas tem pouca explicação narrativa). Ninguém sabe de onde veio, para onde vai, quem criou, como funciona. Ele só existe. Ponto. Essa preguiça de roteiro passa da tela e contagia quem assiste também.
Toda essa superficialidade fica mascarada com muita pancadaria. Isso não podemos reclamar de Agente Stone. Mas não é nada do que já não vimos em centenas de outros filmes.
Agente Stone não quer que você pense muito. Quer apenas entregar um ritmo frenético de um blockbuster.
O roteiro opta pela ação e não pela emoção, subestimando o telespectador. Ou talvez seja apenas essa a intenção e esperávamos demais da dona do baralho, a rainha Netflix, que tinha uma mão ruim, fez um bom blefe e conseguiu o que queria.
- Nota de Agente Stone no IMDB: 5,2/10 – Menos de 1 mil avaliações
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