The Marvels é bom? Filme está longe de ser uma bomba, mas…
Muito antes de chegar ao cinema, The Marvels sofreu uma enxurrada de críticas. Quando o trailer saiu, os nerds chatos e misóginos encheram o vídeo de notas negativas. Brie Larson é alvo desse público desde o primeiro Capitã Marvel, tanto que considerou abandonar a personagem depois de tantos comentários de ódio.
Mas até a Marvel pareceu soltar a mão de The Marvels em certo momento.
A divulgação do filme foi quase nula (lógico que a greve dos atores e roteiristas contribuiu para isso) e os baixos números da pré-venda fizeram a Casa das Ideias repensar sobre as propagandas do longa.
Apenas faltando alguns dias para a estreia, voltamos a ver alguma publicidade, mas nenhuma centrada nas protagonistas, e sim promessas de cameos importantes no filme e definições do futuro do UCM (Universo Cinematográfico da Marvel).
Marvel, Marvel, eu sei que a fase não anda boa, mas é preciso ter mais fé naquilo que vocês lançam. The Marvels está longe de ser a bomba que todos esperavam.
Calma, não é maravilhoso, talvez nem seja tão bom.
Só que é extremamente divertido, e isso é muito mais do que alguns produtos do UCM dos últimos anos.
O trio de protagonistas segura muito bem os 105 minutos (o filme é o mais curto de toda o UCM). Carol Danvers (Brie Larson) segue a mesma personagem sisuda de 2019, para o bem e para o mal. Monica Rambeau (Teyonah Parris) tem um salto de evolução e promete ter ainda mais destaque na próxima aparição dela.
Kamala Khan (Iman Vellani) é quem realmente rouba qualquer cena. A Ms Marvel já mostrou todo o carisma na série solo, e tem os momentos mais cômicos do filme. Kamala é a projeção dos fãs. Ela faz tudo aquilo que a gente faria se estivesse ali. É gente como a gente. E tem um futuro brilhante, se a Marvel ignorar os pseudo-fãs raivosos que não conseguem ver uma mulher em destaque na telona.
The Marvels é muito mais puxado para uma história em quadrinhos do que para uma obra cinematográfica, e poderia muito bem ser um episódio especial de uma série em vez de um filme.
Por conta disso, toda a história é fraca e o roteiro é raso.
O início é bem confuso, com toda aquele teletransporte do trio, mas depois da primeira meia hora, o filme parece encontrar o ritmo que queria, apesar de ter um final bem insatisfatório, principalmente o confronto definitivo com a vilã.
As cenas no planeta musical sofreram um corte grande depois da exibição teste, o que fica bem visível em tela. Uma pena, pois foi bem ali que a Marvel conseguiu sair um pouco da zona de conforto e nos entregar o mínimo de novidade nos últimos anos.
As motivações da vilã Dar-Benn (Zawe Ashton) não são claras até o terceiro ato e a antagonista é uma das mais fracas e esquecíveis do UCM, tanto que tive que apelar para o Google para lembrar o nome dela.
Nick Fury (Samuel L. Jackson) apareceu mais no trailer do que no filme, ficando totalmente sem função, servindo apenas de escada para as piadas da família de Kamala. E o querido gatinho Goose perde a graça depois da terceira vez que a mesma piada é usada.
Não é preciso ter visto a decepcionante Invasão Secreta para entender The Marvels. Ainda bem!
Já WandaVision e Ms. Marvel são séries importantes para entender um pouco melhor a situação de Mônica e Kamala, mas não é nenhum sacrifício acompanhar esses dois shows do Disney+.
Agora, vamos ao tão temido spoiler, esteja avisado.
No final do filme, temos um vislumbre do que será os Jovens Vingadores (mas do jeito que a Marvel anda batendo cabeça, quando o grupo chegar ao cinema, já não será mais jovem), com o encontro de Kamala e Kate Bishop, duas das mais cativantes personagens dessa nova geração.
E é lógico que temos também toda aquela apelação na cena pós-crédito, com a Marvel nos “apresentando” os X-Men, mesmo que pisando em ovos ainda, de olho na reação do público.
Afinal, depois de Vingadores: Ultimato, cada obra da Marvel é crucificada pelos fãs. Mas é preciso entender que a luta final contra Thanos foi construída por 10 anos e é um filme que mudou a história do cinema. Não dá para achar que todo produto que chegar na TV ou cinema será igual. É preciso diminuir as expectativas e curtir as experiências, sejam positivas ou não.
No caso de The Marvels, foi sim uma boa surpresa.
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