The Flash sai do cinema para o online como fracasso de bilheteria. Por quê?
The Flash, o filme com o herói da DC Comics, foi lançado para aluguel online e compra em 25 de julho, em plataformas como o Prime Video. Deve chegar para assinantes no HBO Max entre setembro e novembro, respeitando a janela de exclusividade de 90 dias do cinema. Mas com certeza, o streaming da Warner não vê a hora disso acontecer logo.
Isso porque, com a estreia de Indiana Jones 5, Missão Impossível 7, e mais recentemente os tão esperados Barbie e Oppenheimer, Flash perdeu espaço nos cinemas, já pouco mais de um mês depois de sua estreia.
Orçamento x bilheteria
Apesar da grande campanha de marketing e da expectativa dos fãs, o velocista escarlate foi um fracasso nas bilheterias, tornando-se o filme de heróis de maior rombo para os cofres dos estúdios.
Após cinco semanas nos cinemas, The Flash arrecadou “apenas” US$ 267 milhões, o que não cobre o orçamento do filme de US$ 220 milhões e os custos com a divulgação, que ficam acima dos US$ 65 milhões. Como comparação, o também fracassado Adão Negro (2022) arrecadou mais de US$ 390 milhões em sua passagem pelas telonas.
E aqui vão alguns exemplos do porquê do fracasso de The Flash.
1 – Polêmicas de Ezra Miller
Quando Flash apareceu melhor nas telonas, em Liga da Justiça, bastante expectativa foi criada. O ator fez de Barry Allen um dos heróis mais carismáticos do DCEU (universo estendido DC). Mas, com o tempo, Ezra foi colecionando problemas, o que refletiu no personagem.
Uma série de relatos de conduta desordeira, assédio e agressão, levando a várias prisões, bem como alegações de aliciamento, surgiram ao longo de 2022. A DC bateu o pé e seguiu bancando o ator no papel, mas a que preço? Era difícil separar a obra do artista. O estúdio não estava mais lançando apenas o filme do Flash, era o filme do Flash de Ezra Miller, o arruaceiro, o que ajudou a manchar a imagem do longa.
2 – Interferência e problemas do estúdio
A ideia de um filme do Flash vem desde 2013. Anunciado oficialmente em 2014, The Flash passou por diversas mãos e datas de lançamento até hoje. Lá atrás, Zack Snyder tinha um projeto, que incluía o homem mais rápido do mundo. E ele já aparece em Liga da Justiça, que era para ser a joia da coroa do estúdio Warner. O filme tinha a missão de reunir os nomes mais conhecidos e queridos da DC comics, mas vieram as complicações.
Joss Whedon substituiu Snyder na direção. E, de acordo com ele, a pedido da própria Warner, que estava descontente com as ideias de Snyder. O filme não teve o retorno esperado para o estúdio, e muitos fãs chegaram a pedir na internet a versão de Snyder, lançada anos depois.
Whedon enfrentou a revolta de alguns atores do longa, como Ray Fisher (intérprete do Ciborgue), que o acusou de comportamento abusivo nos bastidores. Walter Hamada, o então executivo da Warner, chegou a ser acusado de racismo e foi desligado do cargo ano passado.
Com o sinal de alerta ligado, a Warner trouxe James Gunn (de Guardiões da Galáxia, da concorrente Marvel) com a ideia de reiniciar todo o universo. Ou seja, tudo que os fãs viram até aquele momento, com Gal Gadot, Henry Cavill, Ben Affleck e o próprio Ezra Miller, teria que ser apagado da memória. Nada mais valia.
A cada novo chefe que chegava, toda a história do Flash mudava, e a saga passou a ficar cheia de buracos. O público não soube dizer se The Flash estava encerrando o DCEU como a gente conheceu ou tentando reiniciá-lo. E parece que nem o estúdio sabe qual o caminho mesmo.
3 – Sem novidades por aqui
Entre trancos e barrancos, Flash finalmente chegou aos cinemas. A premissa do filme era falar sobre o multiverso. Mas acontece que, depois de tanta confusão, o timming foi perdido.
O filme vencedor do Oscar desde ano, Tudo em Todo Lugar ao mesmo Tempo, fala justamente de… multiverso.
Aliás, a concorrente já estava tratando disso havia algum tempo. A Marvel começou a falar de multiverso na série Loki, consolidou o assunto em Homem-Aranha: Sem volta para Casa (fazendo a alegria dos fãs com a reunião dos três últimos amigões da vizinhança nos cinemas) e usou e abusou do assunto em Doutor Estranho no Multiverso da Loucura.
Ou seja, uma ideia mais que saturada. Até trazer de volta o Batman de Michael Keaton, apelando para a nostalgia, já não parecia mais tão original assim.
4 – CGI ruim de The Flash: Um filme que parece inacabado
Por ter passado por várias mãos, o filme do Flash dá a impressão de que mais ninguém dentro da Warner se importava tanto com aquilo depois de tanta dor de cabeça. Os CGIs (imagens geradas por computador, os famosos efeitos especiais) deixaram a desejar e foram a maior crítica do longa.
Desde a corrida do Flash, a queda dos bebês do prédio e as participações especiais do multiverso. Alguns efeitos parecem tão inacabados que transformaram os personagens em bonecos de borracha. Isso que estamos em 2023. Filmes com CGIs melhores foram feitos 20 anos atrás, na franquia dos X-Men, por exemplo.
O diretor Andy Muschietti defendeu que alguns dos efeitos eram intencionais, como uma visão distorcida da força de aceleração do Flash. Agora resta saber se a desculpa colou para alguém.
5 – A fadiga de super-heróis do cinema
Estamos na metade do ano, e já tivemos 4 filmes de heróis. Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania, Shazam! Fúria dos Deuses, Flash e Guardiões da Galáxia Vol. 3. Apenas o último filme pareceu empolgar o público.
Fica a impressão de que, de uns tempos para cá, qualidade se tornou quantidade. Alguns anos atrás, tínhamos um filme do gênero, dois no máximo. Agora, sai uma história de herói por mês. Assim, os roteiros se tornam genéricos e a emoção não é mais a mesma.
Depois da pandemia da Covid-19, alguns superpoderosos chegaram aos cinemas. Em 2022 tivemos Doutor Estranho no Multiverso da Loucura, Thor: Amor e Trovão, Pantera Negra: Wakanda para Sempre, Batman (aquele do Robert Pattinson) e Adão Negro.
No ano passado, apenas três títulos ultrapassaram a marca de um bilhão de dólares: Top Gun: Maverick, Jurassic World: Domínio e Avatar: O Caminho da Água. Curiosamente, nenhum com super-heróis.
Mas o que também nos leva ao próximo assunto.
6 – Ano ruim para o cinema
A falta de criatividade de Hollywood, a pandemia, janelas de lançamento mais curtas, aumento do custo de vida, tudo isso têm feito de 2023 um ano estranho para o cinema.
Apesar de alguns filmes terem se destacado, 2023 não tem sido bom. Muitos sofreram para se pagar e outros até saíram no prejuízo. The Flash está na lista, lógico. Mas, como visto acima, o buraco de The Flash é bem mais embaixo. Isso porque a nota no filme no IMDB nem é tão ruim: 7,0/10.
Veremos se o streaming ajuda um pouco o velocista, que no quesito sucesso, anda bem mais lerdo que imaginávamos.