A poesia na era digital

Em tempos de internet, redes sociais, blogs e aplicativos, as possibilidades parecem ser infinitas. A agilidade impressiona. A instantaneidade e a repercussão dos fatos assustam…

A era digital veio para democratizar as possibilidades. Um convite à criatividade e às diferentes formas de talento. Uma boa ideia, uma boa causa, e no caso da poesia, sensibilidade e boas palavras. Pronto, viralizou!

Qualquer um pode expressar suas ideias e sentimentos na mais diversas plataformas digitais. Bom para os poetas em potencial, ótimo para os apreciadores da boa poesia.

Matheus Jacob, poeta autor do “homem que sente”, que está bombando com mais de 200 mil seguidores no Instagram, em entrevista para o Crônicas, contou que para ele “a Internet é um caminho para todos os indivíduos chegarem ao seu público, não importa o que façam. Mas sempre como uma ressalva: ela é apenas mais um meio. A visibilidade digital nunca deveria ser vista como o fim”. Matheus ainda completou que tem leitores em outros continentes e “sem a tecnologia esse processo demoraria anos ou décadas e talvez nunca se concretizasse efetivamente”.

Muitos desses autores acreditam que a internet é um meio de chegar ao mercado editorial, o que aconteceu recentemente com Zack Magiezi, que graças ao seu sucesso nas redes sociais pode lançar seu primeiro livro.

Para o escritor Thiago Tristão, que também divulga seu trabalho como poeta na internet pelo Instagram “vida em tiras”, com quase 200 mil seguidores, o objetivo do seu trabalho é fazer o leitor refletir sobre si mesmo. “A modernidade, a vida hoje em dia, a correria da cidade grande, eu acho que ela faz as vezes os pequenos sentimentos se perderem no meio do caos da cidade. Você precisa achar um momento para refletir sobre si mesmo”, diz.

Já parou pra pensar como poetas consagrados, como Drummond, Cecília Meireles e Mário Quintana se comportariam com tantas ferramentas que a era digital nos oferece hoje? Certamente seriam tão, ou mais geniais do que foram. Porém é possível imaginar que suas obras teriam chegado mais rapidamente ao seu público.

Em um verso de “José”, clássico poema de Carlos Drummond de Andrade, deixo uma indagação:

“E agora José?

A festa acabou,

A luz apagou,

O povo sumiu,

A noite esfriou,

E agora, José?

E agora, você?

Você que é sem nome,

Que zomba dos outros,

Você que faz versos,

Que ama, protesta?

E que usa a internet,

E agora Drummond?”

 

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