A febre de Narcos

O que acontece quando juntamos Wagner Moura, uma produção de qualidade e a história verídica de um dos maiores traficantes de todos os tempos? Não dá para ficar ruim. Não dá mesmo. Bem-vindo a Narcos, um dos originais Netflix mais bem-sucedidos atualmente.

Que Pablo Escobar é um nome reconhecido mundialmente nós já sabemos. Sua história, no entanto, é extremamente subjetiva: durante sua vida, foi admirado por uma legião de seguidores e, ao mesmo tempo, perseguido pela lei e pelos aparelhos do Estado. Escobar construiu um império com sua rede de tráfico de cocaína em Medellín, inaugurando a febre da droga.

Por um lado, forneceu subsídios à população carente da Colômbia que o governo jamais fez; por outro, foi conhecido pela sua truculência nos negócios e responsável pela morte de milhares de pessoas durante sua trajetória, incluindo crianças. É claro que uma figura tão contraditória como essa se torna digna de uma série televisiva.

Narrada pelo agente americano Steve Murphy, enviado à Colômbia pela DEA quando o cartel de Medellín ganha força, Narcos não falha em jogar com ambos os lados da moeda. Não há maniqueísmos; há apenas humanidade, em todos os seus ângulos, com todas as suas falhas e subjetividades. Escobar não é a única contradição; o Estado, a polícia, a mídia – todos são instituições sujeitas à fragilidade do ser humano.

E Wagner Moura, por sua vez, que recebeu duras críticas ao ser anunciado como protagonista da série – especialmente pela questão de não possuir a língua espanhola como nativa -, provou, mais uma vez, seus talentos infindáveis na atuação. As semelhanças físicas podem não ser fidelíssimas, mas Moura superou as expectativas em relação ao espanhol e aos trejeitos de Escobar.

Se a primeira temporada já havia deixado os espectadores alucinados, a segunda, que estreou na Netflix dia 02 de setembro, certamente superou as expectativas ao terminar num ápice de acontecimentos simultâneos. Se ainda não conferiu, corra! Narcos vai te surpreender – em todos os sentidos.