A história de uma das muitas Raimundas do Sertão
Uma das muitas Raimundas do Sertão. Uma das muitas mulheres no Sertão. Uma das muitas trabalhadoras e “trabalhadeiras” do Sertão.
Mora em Acauã, no Piauí. Tem 89 anos. Parou de trabalhar na roça com 84, por conta da idade avançada. Tem saudade da lida. Memória perfeita. Memória que lembra do marido que a abandonou em 1974, com dois filhos pequenos. Memória que recorda detalhes do ofício na roça, dos bicos como costureira, cimenteira, poceira e tantos outros que fez pra contrariar as “vozes” que pediam pra ela dar os dois filhos, pois não teria condições de criá-los.
Como se não bastasse, teve uma menina abandonada em sua porta. Raimunda transformou o abandono em acolhimento e também a educou, mesmo sabendo que a criança era deficiente.
Dona Raimunda Carmelita de Jesus. Mulher cuja alegria é ter criado um filho enfermeiro, um outro que trabalha em São Paulo e a filha que a vida lhe deu. Mulher com fé. Mulher que sonha em chegar aos 90 e fazer uma festa pra alimentar todo o povo de Acauã.
O sertão real. O nordeste real. Não o nordeste de vagabundos e acomodados descrito pelos odiosos nas redes sociais.
