Crítica do Crônicas: Cães de Guerra
Dois amigos descobrem que o governo dos Estados Unidos, durante a Guerra do Iraque, permitia que pequenas empresas participassem de licitações de contratos militares. Partindo praticamente do zero, eles fazem muito dinheiro e passam a viver uma vida de luxo. A sinopse curta de Cães de Guerra, filme baseado em fatos reais, parece indicar uma história contada nos cinemas de um jeito sério, quase jornalístico. Mas não é. Ainda mais quando é dirigida por Todd Phillips (trilogia Se Beber, Não Case!).
Os fatos são narrados sob a ótica de David Packouz, interpretado pelo talentoso Miles Teller (Whiplash e trilogia Divergente). Ele é um jovem de 20 e poucos anos que mora em Miami e ganha dinheiro fazendo massagens. Sempre tenta melhorar sua vida de forma honesta, incentivado pela namorada (Ana de Armas). Tudo muda quando Packouz encontra o seu amigo de infância, o insano Efraim Diveroli, vivido pelo brilhante – e indicado duas vezes ao Oscar – Jonah Hill (O Lobo de Wall Street e O Homem que Mudou o Jogo).
O que um tem de “conservador”, o outro tem de abusado. Esse contraste dá um tom excelente ao longa. Com um pouco de ceticismo e pés no chão, Packouz aceita trabalhar com Diveroli vendendo armas para o governo americano. Eles enfrentam alguns problemas, mas conseguem fazer muito dinheiro e viver uma vida de luxo. Só que Efraim não tem limites ou escrúpulos e sempre quer ganhar mais. Quando a empresa fecha um mega contrato de US$ 300 milhões é que os conflitos começam de verdade.
Nas quase duas horas de Cães de Guerra, o espectador vê um Jonah Hill engraçadíssimo, que consegue fazer rir com a própria risada, um Milles Teller dando o tom exato a um personagem que vive no limite entre o certo e o errado e uma história extremamente interessante do período em que os Estados Unidos, comandados por George W.Bush, viviam em guerra com o Iraque. Praticamente uma aula de como funcionava o comércio de armas há mais ou menos 10 anos.
A maior crítica de tudo não é nem aos desvios individuais de cada personagem, mas sim ao governo norte-americano, que afrouxou as regras para conseguir comprar muito durante a guerra. O filme foi inspirado no artigo brilhante do jornalista Guy Lawson para a Rolling Stone. A leitura compensa, acesse a matéria original aqui.
O ponto negativo é que o longa parece perder o fôlego em determinado momento. A história é dividida por frases que aparecem em tela cheia com fundo preto dando a indicação do que vem a seguir, talvez por esse motivo, por ser quebrado por muitas frases, fica essa sensação de que não acaba nunca.
O jeito que tudo é contado me lembrou um pouco A Grande Aposta, filme biográfico sobre quatro investidores que apostaram contra o mercado imobiliário nos EUA.
Cães de Guerra também tem no elenco o quatro vezes indicado ao Oscar Bradley Cooper. O roteiro é de Stephen Chin e Todd Phillips & Jason Smilovic; a produção ficou por conta de Mark Gordon, Todd Phillips e Bradley Cooper.
A estreia aqui no Brasil é dia 8 de setembro.
A avaliação: vale a pena o ingresso.