Being Érica: uma realidade menor do que sonhávamos
Se você está acostumado a realidades paralelas, histórias que te levam para outras dimensões, ou até aquelas séries cheias de mistérios onde nem sempre o tal destino dos personagens era o que você aguardava, esqueça tudo isso e assista apenas um episódio da série canadense Being Érica (A vida de Érica, na versão brasileira).
Antes de mais nada é importante estar aberto aos sinais e às lições, porque assistir aos episódios desta produção é como voltar no passado e nem sempre voltar a viver pequenos traumas é algo positivo.
Being Érica conta a história de Erica Strange, uma mulher com trinta e poucos anos. Ela leva uma vida não tão agradável, frustrada, por causa das decisões que tomou até então. Certo dia, Erica recebe a oportunidade única de voltar no tempo e reviver os momentos cruciais que a levaram ao momento que se encontra. Tudo isso acompanhado de um psicólogo, terapeuta, Doutor Tom. Ele dá a chance dela se desfazer de uma tal lista de arrependimentos na esperança de que isso resulte numa nova vida.
DETALHES TÉCNICOS
É perceptível que o orçamento não foi dos melhores, em alguns episódios é claro que as coisas são perfeitas demais, ou tentam ser “amadoras” ao extremo, mas longe de incomodar, acho que pelo fato de ter sido feita entre 2009 e 2011 tenha essas características, mas são detalhes que não atrapalham.
Cenário e paisagem. Você vai se deslumbrar com a beleza e o modernismo de Toronto. Sério, nunca assisti uma série que mostrasse tanto uma das economias mais diversificadas da América do Norte e comunidade artística do Canadá como essa. É engraçado como algumas cidades do país encantam pelas cores, parques, ruas, arquitetura e principalmente os pontos turísticos. Se você também gosta de conhecer lugares novos é uma oportunidade de projetar uma viagem.
A trilha é vintage, total anos noventa. Pop, rock, um verdadeiro mergulho na nostalgia. Os personagens coadjuvantes também vivem conflitos, você vai identificar muitos amigos, familiares e companheiros em cada um deles. Há referências ao feminismo, à homossexualidade, aos direitos humanos, aos valores próprios, princípios e até religião. A Érica é Judia, uma oportunidade para conhecer uma seguidora não praticante.
Ah, e tem sexo sim. Muito sexo! O debate sobre sexo é sensacional. Parece uma fantasia, mas as histórias de cada episódio nos levam para dentro de nós. São lições de como ter paciência, aprender a tomar alguma decisão, perdão, compreensão. É uma série de vida!
Eu recomendo, muito, que você a veja. Acredito que muitas pessoas, na casa dos vinte, conseguem se identificar com Erica. Nossos pais, amigos, expectativas parecem ter nos prometido o mundo, mas no fundo o que conseguimos é muito menos do que sonhávamos. Erica não é a personagem perfeita. Ela erra bastante, é meio chata e isso faz com que a gente se identifique.
São apenas quatro temporadas, uma pena que tenha chegado ao Brasil tão tarde, e em cada uma delas o arco narrativo é totalmente diferente. Vi Being Erica no início de 2016 num momento bem delicado da minha vida. Chorei rios no primeiro episódio. Eu recomendo que faça o mesmo, evite o choro apenas. De todas as séries que eu já vi – e olhe que foram muitas – essa é a que eu indico de olhos fechados. Vai lá ver e depois me conta o que achou.