Loki finalmente chegou ao seu destino. O deus das histórias
[O texto contém MUITOS spoilers sobre o final da segunda temporada de Loki.]
O último episódio da segunda temporada de Loki trouxe com ele um detalhe inusitado. O nome. “Glorioso Propósito”, não por acaso, é também o título do primeiro episódio da produção, lançado em 9 de junho de 2021. E faz total sentido essa referência da produção, já que acompanhamos, na season finale, nosso protagonista basicamente vivendo o dia da marmota.
No entanto, diferentemente de Phil, o arrogante repórter interpretado por Bill Murray, Loki passa o episódio tentando descobrir em qual momento da sua vida é possível quebrar o loop.
Com isso, Loki (Tom Hiddleston) passa novamente por momentos filosóficos, e aqui temos um dos mais conhecidos deles, o conflito ético do “dilema do trem”.
Loki se encontra em uma encruzilhada sobre matar uma pessoa que ama (Sylvie, interpretada por Sophia Di Martino) ou salvar todas as outras.
E novamente tem um genial embate de ideias, desta vez com Aquele que Permanece (Jonathan Majors). Mobius (Owen Wilson) é mais um a ter seu momento cabeça com Loki, e aqui solta uma das melhores frases de toda a série, ao explicar que um propósito pode ser muito mais um fardo do que uma glória.
As viagens no tempo
Sim, o episódio tem suas falhas, como as explicações repetidas de como funcionam o Tear Temporal e as linhas do tempo, e novamente nos deixa mais confusos que satisfeitos com esses momentos que já deviam ter sido deixados de lado.
Além disso, as viagens temporais de Loki são aceleradas em algumas partes do capítulo, não propositalmente, mas mais como uma solução preguiçosa do roteiro mesmo, e em formato de piada, nos mostra séculos de pulos temporais em segundos.
Victor Timely, que teve tanta importância ao longo da segunda temporada, perde todo o sentido na volta final da série. Lógico que isso tudo não tira o brilho do episódio, são apenas deslizes pequenos dentro de uma obra que se torna importante e grandiosa para o que ainda veremos no futuro.
No apagar das luzes, Loki nos guia pelo mais poético momento da Marvel em anos ao decidir se sacrificar e ter a mais grandiosa das redenções do UCM.
Mobius e Sylvie têm seus finais felizes, em busca de uma vida mais pacífica. B-15 agora faz parte do conselho da TVA. Miss Minutes é reprogramada e (por enquanto) não apresenta mais risco. Ravonna Renslayer acorda no vazio. Victor Timely nunca recebeu um manual da TVA.
A TVA volta a ser o escritório temporal de sempre, burocrática e de olho nas variantes de Kang. E a Yggdrasil (a imensa árvore da mitologia nórdica que sustenta o universo e liga os mundos) é agora a nova cara das linhas do tempo.
Final perfeito para cada personagem, não necessitando mais de uma terceira temporada. No entanto, com a Marvel, tudo é possível –por enquanto, porém, não tem novos capítulos confirmados.
E quanto a Loki?
Depois de 15 anos de UCM, é muito claro que ele foi o personagem que mais evoluiu em toda essa jornada. Atingiu o seu glorioso propósito. Loki cita, em determinado momento do episódio, o poeta inglês T.S. Eliot.
“Morreremos com os que morrem e nascemos com os mortos”.
O deus da trapaça, filho de Odin, irmão de Thor, usurpador do trono, inimigo dos Vingadores, agora está morto (não literalmente, calma) e renasce bem diferente.
Loki finalmente chegou ao seu destino. O deus das histórias.
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