Especial OSCAR 2018 | The Post – A Guerra Secreta

Especial OSCAR 2018 | The Post – A Guerra Secreta

Ao assistir The Post – A guerra secreta, o novo filme de Steven Spielberg, é quase impossível não lembrar de Spotlight – Segredos revelados, vencedor do Oscar de “Melhor Filme” na edição de 2016. As duas películas – ambas co-roteirizadas por Josh Singer – põem em discussão algumas temáticas em comum como o papel do jornalismo na sociedade, a busca incessante pela verdade factual plena e o desafio de enfrentar forças sociais poderosas (a exemplo da Igreja ou a presidência do país) para contar a verdade. E, apesar de toda essa semelhança, há um ponto de separação crucial entre as histórias. A posição de Spotlight é muito mais comedida e racional ao decorrer da trama, guiando o público através de um instigante thriller investigativo sobre fatos e figuras reais.

The Post, por outro lado, usa o apelo sentimental para envolver o espectador e relembrá-lo do papel indispensável e digno dos jornalistas, fazendo dessa forma que o protesto pela liberdade de imprensa esteja tanto no âmbito imaginário do cinema, como fora dele.

 

THE POST – A GUERRA SECRETA 

2 INDICAÇÕES AO OSCAR 2018: Melhor Filme e Melhor Atriz (Meryl Streep)

CRÍTICA | Um protesto dentro e fora das telonas

Após o New York Times ter suas publicações suspensas pela Lei de Espionagem, o jornal local Washington Post recebe os documentos secretos do governo americano que denunciavam todas as mentiras acerca da Guerra do Vietnã. Com a recente abertura das ações do Post na Bolsa de Valores, a dona do veículo, Kat Graham (Meryl Streep), se vê num dilema entre publicar os Petagon Papers e fazer com que seu jornal cumpra com sua função social de contar a verdade, ou se proteger da fúria presidencial e tudo que a acompanha – inclusive a probabilidade da compra de suas ações darem errado. Seja ouvindo seu editor-chefe, Ben Bradlee (Tom Hanks), ou o grupo que a aconselha na diretoria, Kat tem a sua frente um dos maiores desafios de sua vida.

O universo cinematográfico e seu público mais assíduo já conhece o poder de Spielberg para contar histórias reais. A lista de Schindler (1993), Munique (2005) e Lincoln (2012) são exemplos gloriosos e premiados de trabalhos do diretor com inspiração em acontecimentos verídicos. Nessa sua nova produção, Spielberg recria magistralmente uma nação em crise ao descobrir que seu governo mandou jovens soldados para uma guerra cujo fracasso sempre foi uma certeza. O desejo por liberdade é o fio que costura a essência do enredo, proporcionando um sentimento de apoio a mídia. Seja graças as atuações incríveis, falas muito bem elaborados por Liz Hannah ou Josh Singer, ou mesmo pela direção do mestre, o romantismo sobre a função social do jornalista é perfeitamente instaurado.

Dessa forma, The Post vem as telonas como muito mais que um filme, ele se transfigura numa forma de contestação ao presidente Donald Trump e suas retaliações aos jornalistas americanos.

Especial OSCAR 2018 | The Post – A Guerra SecretaA versatilidade de Meryl Streep prova mais uma vez que ela está sempre preparada para surpreender a todos com seu talento – e foi por causa disso que a atriz foi nomeada na categoria de “Melhor atriz” nas principais premiações da sétima arte, incluindo o Oscar. Além da indicação de Streep – fazendo com que a atriz vá para sua 21ª disputa por um Oscar – o longa concorre também em “Melhor Filme”.

Num mundo onde os fatos são escondidos do povo, precisa existir alguém ou algum setor da sociedade que se encarregue da árdua missão de contar a verdade para que os governados acordem e não sejam enganados por terceiros. Como dito no próprio longa, o jornalismo é feito para os governados, não para os governantes. Portanto, independente de vitórias ou não na competição da Academia, The Post é uma obra cinematográfica que, com seus ideais românticos acerca do jornalismo, tem o papel de conceder uma fagulha de esperança para o povo de que ainda há espaço para verdade no mundo, ao mesmo tempo que é um lembrete aos governantes de que a liberdade de expressão não está morta e que ainda há quem lute em prol da transparência.

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Estudante de jornalismo curioso e apaixonado por história. Cinéfilo de carteirinha que ama o universo da sétima arte e deseja sempre estar ainda mais imerso nesse mundo.