Especial OSCAR 2018 | Lady Bird: A Hora de Voar
É notável a variedade dentre os indicados na categoria mais esperada do OSCAR deste ano. Ao mesmo tempo que há a presença pomposa do drama de guerra de Christopher Nolan, existe a beleza fantástica do universo de Guillermo del Toro e ainda, a perfeição estética de obras como Me chame pelo seu nome, de Luca Guadagnino, e O destino de uma nação, de Joe Wright. Contudo, ao lado dessas e de outras grandes produções cinematográficas, existiram filmes que conquistaram o seu espaço no Oscar por sua simplicidade e eficácia no quesito criatividade fílmica. Um deles é Lady Bird: A hora de voar, da estreante Greta Gerwig, que provou que a beleza do cinema não existe somente nos bem financiados blockbusters ou produções de grandes estúdios, mas numa genuína ideia que, ao ser transfigurada numa película, é capaz de captar a atenção e encantar milhões de espectadores.
Durante seu último ano do colegial, Christine “Lady Bird” McPherson (interpretada por Saoirse Ronan) tem que lidar com todas as realidades adolescentes e o início da vida adulta. Dentre as novidades que estão acontecendo em sua vida – seus primeiros namorados, a perda da virgindade, dificuldades financeiras na família, além da problemática relação com a mãe (Laurie Metcalf) – Lady Bird precisa enfrentar os desafios que a aguardam ao tomar a decisão sobre qual será o rumo de sua vida. Uma vez que a escolha feita é estudar em alguma Universidade da Costa Leste americana (bem longe de Sacramento, sua cidade natal), ela fará de tudo para que esse sonho se realize, inclusive enfrentar as consequências e dificuldades que é estar distante da família.
Lady Bird: A hora de voar é um retrato fiel acerca da juventude durante o início dos anos 2000. Todos os anseios, medos, frustrações e desejos estão personificados na personagem da estonteante atriz irlandesa Saoirse Ronan. Ela e sua colega de cena Laurie Metcalf dão vida e dinâmica para essa encantadora história através de atuações cativantes. A comédia dramática funciona como a transposição de relatos de um diário, como se a própria Greta estivesse compartilhando as suas vivências juvenis por meio de seu primeiro filme.Com verdade do início ao fim, Lady Bird faz com que todos os espectadores se identifiquem com as situações narradas, remetendo todos aos seus passados e, consequentemente, as suas angústias e dilemas da juventude. Um túnel do tempo belíssimo que conquista o público por sua naturalidade. A magnitude do encantamento causado pela película de Greta foi tão grande que fez até mesmo a conservadora Academia de Artes e Ciências Cinematográficas se render a essa produção modesta que, em outros momentos, não teria nem chance de menção. No entanto, está mais do que na hora de instituições como a Academia galgarem para um nível melhor, onde sexo, raça e nacionalidade não fazem diferença, e é lá que está Greta Gerwig com todo o seu talento, voando bem alto.
+ ESPECIAL OSCAR 2018: Me Chame Pelo Seu Nome
LADY BIRD: A HORA DE VOAR
5 INDICAÇÕES AO OSCAR: Melhor Roteiro Original, Melhor Atriz Coadjuvante, Melhor Atriz, Melhor Direção e Melhor Filme
GRETA GERWIG, UMA DIRETORA PARA ENTRAR NA HISTÓRIA
O longa que inaugura a carreira de direção de Greta Gerwig esteve bem colocado em boa parte das premiações no mundo do cinema. O ganhador dos Globos de Ouro nas categorias “Melhor Atriz de Comédia ou Musical” e “Melhor Comédia ou Musical” segue concorrendo em cinco categorias do Oscar: “Melhor Roteiro Original”, “Melhor Atriz Coadjuvante”, “Melhor Atriz”, “Melhor Direção” e “Melhor Filme” – sendo a quinta mulher na história do Oscar a ser indicada na categoria de “Melhor Direção”.
Entretanto, Lady Bird tem uma função social que vai muito além de suas indicações. Esquecendo completamente o potencial do filme para concorrer e/ou ganhar prêmios, a produção da A24 é o ponto de partida para um novo momento onde a luta por igualdade e respeito pelas mulheres da sétima arte está estabelecida. Greta Gerwig dá para o mundo uma prova de que pensamentos machistas e preconceituosos não serão mais permitidos. Em alguns anos, a diretora será vista como um símbolo de mudança e um exemplo a ser seguido.
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