CRÍTICA | Somente o Mar Sabe

CRÍTICA | Somente o Mar Sabe

As cinebiografias sempre tiveram seu lugar de destaque ao longo da história do cinema. Dessa vez, James Marsh, diretor de outra biografia de sucesso – A teoria de tudo, de 2014 – traz para o público seu novo trabalho, intitulado Somente o Mar Sabe.

Donald Crowhurst (interpretado por Colin Firth) – o até então comerciante de instrumentos de navegação e amante do mar – decide aceitar o desafio de um navegador veterano para se tornar o primeiro homem a dar a volta ao mundo sem paradas. Ao aceitar fazer parte dessa competição, ele entrará numa disputa com navegadores experientes para vencer o Golden Globe Race de 1968 e ganhar o desejado prêmio. A escolha de Crowhurst envolve todos da sua cidade, principalmente sua esposa (Rachel Weisz) e filhos, que ficarão à mercê da promessa de vitória de Donald, uma vez que ele deixou a família endividada para embarcar nessa solitária empreitada em alto mar.

Baseado na aventura marítima de Donald Crowhurst, o longa da BBC Films tenta criar um drama moral acerca da situação vivida por Donald e sua família após a sua decisão de entrar na competição. Há sérios problemas na narrativa. O roteirista Scott Z. Burns falha ao tentar criar uma atmosfera dramática onde a solidão e os conflitos morais da personagem principal não chegam ao seu ápice de qualidade. A construção do clímax, das personagens e da dinâmica do filme deixa a desejar. A história de Crowhurst acaba por se tornar entediante e confusa para o espectador. A falta de lapidação do roteiro é um dos piores defeitos do longa.

CRÍTICA | Somente o Mar SabeExistem, contudo, qualidades perceptíveis. A direção regular de James Marsh, a fotografia excelente de Éric Gautier (Na natureza selvagem, de 2007) e a escolha do elenco são os pilares que sustentam Somente o Mar Sabe. Marsh, por exemplo, faz um trabalho razoável na direção. Mas é evidente que a parte mais bem lapidada da película acaba por ser o elenco. Sendo formado por nomes excepcionais como Colin Firth (O discurso do rei, de 2010), Rachel Weisz (O jardineiro fiel, de 2005) e David Thewlis (Nu, de 1993), esses atores conseguem dar um brilho a obra. A atuação de Colin Firth é o ponto máximo de qualidade técnica e artística dentro dessa conturbada produção. O ator consegue ter momentos muito interessantes ao longo dos 101 minutos de filme, ofuscando as cenas desconexas no meio da narrativa.

O resultado de Somente o Mar Sabe é um tanto decepcionante. A película consegue prender o público sem cansá-lo ou entediá-lo, mas o potencial se perde por conta das pontas soltas presentes no roteiro. Até existe uma história interessante e propensa a cativar o espectador, porém é perceptível que esse potencial se perde ao longo do filme. E mesmo tendo um histórico muito interessante, as cinebiografias podem falhar; exatamente como o mais recente trabalho de James Marsh falhou.

 

SOMENTE O MAR SABE 

TRAILER

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Estudante de jornalismo curioso e apaixonado por história. Cinéfilo de carteirinha que ama o universo da sétima arte e deseja sempre estar ainda mais imerso nesse mundo.