Ahsoka abusa da nostalgia e guarda o melhor para o FINAL

C-3PO no episódio 7 de Ahsoka, o penúltimo da primeira temporada da série Disney+
C-3PO no episódio 7 de Ahsoka, o penúltimo da primeira temporada

O penúltimo episódio de Ahsoka pode muito bem ser definido justamente como indefinível. Conflitante, eu sei, assim como foi o episódio 7. Talvez ele seja o que mais se aproximou de um filme da saga, em termos narrativos, mas ao mesmo tempo é o mais esquecível de todos eles. Já começamos com mais uma clara indicação de que Dave Filoni (o showrunner de Ahsoka) faz a série para os fãs, e não para uma nova parcela de adoradores de Star Wars. E isso fica ainda mais escancarado com a participação de um dróide conhecido da saga.

Sim, é uma aparição completamente gratuita de C-3PO (em mais um ótimo trabalho de Anthony Daniels), que chega para salvar a carreira de Hera Syndulla (Mary Elisabeth Winstead) durante um julgamento de conselheiros da República. Digo gratuito porque foi uma solução mirabolante que poderia ter a participação de qualquer personagem desconhecido, mas usar C-3PO é jogar em um terreno seguro e mexer com os sentimentos dos amantes da franquia.

Outra pitada de nostalgia acontece logo em seguida, ao mostrar Ahsoka (Rosário Dawson) treinando ao lado de um holograma de Anakin Skywalker (Hayden Christensen), o que também não acrescenta em nada na história, diferentemente da participação dele no episódio 5.

A chegada de Tano em Peridea, o planeta onde tudo acontece, é um dos pontos altos do episódio 7.

As armadilhas colocadas ali para tentar deter nossa heroína é uma assinatura do Almirante Thrawn (Lars Mikkelsen), talvez o maior estrategista de Star Wars. Um personagem frio que não se importa com algumas baixas se o objetivo for atingido, e sempre dois passos a frente dos inimigos. Um dos melhores nomes desse universo tão amado, sem dúvida.

Ahsoka alcança Sabine (Natasha Liu Bordizzo) através da Força, da mesma forma que Luke fez com Leia no final de O Império Contra-Ataca. Confesso que acho uma conclusão rasa usar a energia desta forma, mas quer mais Star Wars que isso?

No solo de Peridea, Sabine e Ezra (Eman Esfanti) conversam e comprovam que a química no live-action é a mesma de uma cebola com uma banana. Uma pena, já que na animação, a dupla tinha uma conexão incrível. O diálogo dos dois serviu para explicar onde está Zeb, o único integrante de Rebels que não apareceu no show até então, e uma sutil e genial cutucada ao destino do imperador Palpatine.

O combate entre Ezra, Sabine e os Noti (as tartaruguinhas fofas apresentadas no episódio anterior) contra Shin (Ivanna Sakhno), os troopers e os caçadores é mais um acerto do capítulo 7. Sabine mostra que funciona muito melhor como mandaloriana do que como aprendiz de Jedi, e Ezra faz bom uso da força desta vez.

A revanche de Baylan e Ahsoka é rápida e pouco satisfatória.

Mostra apenas que Baylan (Ray Stevenson) segue em busca de um objetivo bem particular, que seguimos curiosos para saber qual. Thrawn não pareceu surpreso ao comentar com Morgan (Diana Lee Inosanto) que o mercenário não estava mais na batalha, e aqui vale novamente ressaltar a construção do personagem do Império, que com toda a calma do mundo, consegue vencer qualquer argumentação e provar que sempre tem um plano.

A sensação que fica é de que o capítulo tenta sempre avançar, mas falha na impulsão e retrocede logo em seguida, voltando para o mesmo lugar. O que é preocupante, já que todas as definições da aventura ficaram para o último episódio. O receio é de que tudo realmente precise acelerar para que a conclusão seja entregue, e no meio disso, que algumas questões fiquem mal trabalhadas ou esquecidas. Thrawn diz, em certo momento, que Ahsoka “perdeu a única coisa que não podia perder hoje: tempo”. E parece que nós também perdemos.

Jornalista, roteirista, escritor e viajante do tempo. Sente constantemente a perturbação da força. É contra remakes, mas pode ser convencido do contrário lá no Insta @brenopiero.
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