HARDWIRE…TO SELF-DESTRUCT: análise do último álbum do Metallica

Pouco mais de um mês. Este foi o tempo que levei pra construir esse artigo, essa resenha, análise, como você quiser chamar. Foram mais de 20 audições do novo trabalho do Metallica. Uma a uma, feita por um caminho diferente – aplicativos de celular, CD player, DVD da sala, sistema 5.1, pendrive, MP3, streaming, enfim. Tudo pra saber se a sensação que senti ao ouvir pela primeira vez era real ou só uma “onda”, afinal, muita gente saiu dizendo por aí que o álbum é um discaço, melhor de 2016, e por aí vai.

Bom, o veredicto é que sim! Hardwired é sim, um puuuta disco. Não é o melhor do ano, mas está entre os melhores, sem dúvida. Isso, na minha modesta opinião, claro. Dividido em dois CDs (três, se você tiver ouvido a versão deluxe), ele mostra um Metallica revigorado e confortável com praticamente todas as fases que passou pela carreira. Sim, o peso continua, mas também entram as melodias inspiradas na NWOBHM, a virulência direta da época mais thrash, a necessidade poética e até mesmo técnica de ser mais cadenciado, quase climático.  Resumindo – Hardwired é quase como um legado sonoro do Metallica. Mostra pros fãs mais “old school” que eles ainda têm lenha pra queimar – a própria faixa título mostra isso, porrada sem dó na orelha.

Atlas Rise” e “Moth into The Flame” também entram nessa pegada, mas se aproxima mais do que o quarteto fez no fim dos anos 80, inicio dos 90.

Aponta praqueles que gostam da fase “Load/Reload”, que eles aprenderam a enxugar o que poderia ser um excesso de produção (pra mim, que amo essa fase, não teria nada de errado, mas entendo os fãs). Basta ouvir “Now that We´re Dead”, “Dream No More” que você vai entender o que eu quero dizer. Isso, pra ficar somente nas canções do primeiro CD.

O segundo é bem diferente. Mantém o peso, mas aposta na vibe que o Metallica apostou em meados dos anos 90. Músicas mais cadenciadas, talvez um pouquinho progressivas (confesso que falar isso de James e companhia é meio maluco, mas ouçam And Justice for All e todas as mudanças de andamento que eles fazem). Mas não menos “awesome”. As minhas prediletas do cd 2 “manUnkind”, “Am I Savage?”, “Murder One”, dedicada à Lemmy Killmister e a porradaria “Spit out the Bone”.

Na versão deluxe, temos “Lords of Summer”, bem melhor do que pode ser ouvido ao vivo pelos fãs no show de 2013. E claro, temos os covers que eles fizeram para os tributos ao Dio e Deep Purple, além de algumas versões ao vivo gravadas no começo deste ano.

Ah, só pra constar. Kirk perdeu um celular com 250 riffs deste disco. Se sem eles ele já fez um trabalho sensacional, imagina se os tivesse! Lars mostrou-se menos espalhafatoso e voltou a fazer um ótimo trabalho na bateria. Ao vivo, ele segue aquele cavalo doido, mas… é o Lars, ele pode!

Já James Hetfield tem mostrado ser um riffmaker daquele estilo “Iommi”. A voz está melhor que das outras vezes, mas esqueçam, pelo amor de Deus, o James dos anos 80 e 90. Esse não volta mais. E quanto ao Trujillo… Bom, o cara é um deus do baixo. Que venham mais novidades em 2017!