Você ameaça a ida e eu já sinto saudade

Hoje é domingo. Depois de amanhã, ninguém sabe

Terça é véspera de feriado e eu já sinto a saudade da quarta à noite.

Você me bagunça, beija a testa e ameça a ida. Avança, logo tranca passo e adia a partida. Andar cafajeste como o sorriso. Este, sincero como os olhos que fitam meu acordar. Tão sereno quanto a pequena eternidade da fração de segundos em que nos encaramos, em silêncio, antes da primeira peça fora do lugar.

Em cada adeus, um convite para mais quinze minutos de olá de olhares inquietos e incertos. Sua barba. Minha nuca arrepiada. A cama, a cara e a vida bagunçadas. Teu peito se mete a travesseiro.

Clareia e logo tu se faz desjejum. No quarto mal iluminado, sorri e me beija ligeiro. Esconde na alma e na fronha um querer tão querido quanto nosso último amanhecer.

Suspira e me deixa a casa. Vazia e cheia do incômodo de cômodos vazios.

Oca.

“Volta logo”, feito lei, sussurra minha voz rouca. Ecoando, toda vez, com ar de primeira.

Te espero na próxima sexta-feira.