Por que Joan é Péssima é o episódio mais Black Mirror de Black Mirror 6?
Há quem tenha medo de Os Simpsons e suas previsões, mas talvez Black Mirror dê mais motivos para ser temida. A nova temporada estreou na Netflix neste mês, porém a atual leva de episódios está mais distante da proposta da série. Até o seu criador está chamando de Red Mirror. O primeiro capítulo, A Joan É Péssima, é o que ainda segue a premissa de trazer os piores medos da humanidade, além de suas fragilidades com a tecnologia, de uma forma sombria e bizarra. As pautas são totalmente possíveis de acontecer.
No último fim de semana, até mesmo a cantora Anitta criticou o fato de apenas o 1º episódio da 6ª temporada de Black Mirror ser o único que tem a tecnologia como tema. Veja o que a cantora escreveu no Twitter:
“Alguém mais assistiu a Black Mirror e não entendeu nada do motivo de a série não ser mais o que era? Parece até outra série. Não é mais sobre tecnologia, agora é ‘thriller’ aleatório, os diálogos mal feitos, as histórias bobas sem propósito. Que doideira! O único episódio que segue o estilo da série é o primeiro. O resto vai só ladeira abaixo.”
Anitta, sobre a 6ª temporada de Black Mirror
Sobre o que é A Joan É Péssima?
A Joan É Péssima é a história de uma mulher aparentemente comum. Só que um belo dia, quando estava com o noivo escolhendo algo para assistir, ela se depara com uma série dela na TV: “A Joan É Péssima”, estrelada por Salma Hayek. A produção acaba expondo toda a vida da mulher de forma mais pessimista do que realmente é.
A Netflix conseguiu fazer uma crítica usando a própria Netflix como base. A estrutura visual do streaming apresentado no episódio é uma cópia da própria empresa. A série tem várias reviravoltas e, quando se pensa que não pode ficar pior, a coisa desanda ainda mais.
Tecnologia que assusta: um clássico Black Mirror
A série sobre Joan é feita por um tipo de deepface e captada de forma praticamente instantânea. Eles usam um recurso do tipo que conhecemos quando estamos falando de algo com alguém e aí, minutos depois, vemos anúncios sobre isso.
Joan queria processar a empresa, mas não podia fazer nada. Motivo: quando ela assinou os termos e condições do streaming, concordou com o possível uso de sua vida. Black Mirror 6 alerta a todos sobre os perigos de se assinar algo sem ler tudo.
A mulher “péssima” entra em desespero quando vê sua vida ali exposta. Ela é destruída e isso a abala por completo. Ela, então, tem uma ideia para chamar a atenção da atriz que cedeu os direitos de sua imagem para a série, Salma Hayek. A Joan original ingere um monte de hambúrgueres e laxantes, vai até uma igreja e simplesmente utiliza o espaço como banheiro. É perturbador, para dizer o mínimo.
A atriz presta atenção na situação e também passa a querer processar o streaming, mas também não pode fazer nada. E pelo mesmo motivo da Joan: os termos e condições. Salma se une a Joan para destruir a série e terminar com o caos. A ideia é acabar com o computador que gera o conteúdo.
Quando a dupla chega à sala da showrunner do streaming, descobrem mais coisas. Todo aquele universo que elas estão NÃO EXISTE, ou seja, é uma série. As pessoas reais estão fora disso e alimentando o circuito macabro de tecnologia. Joan destrói o computador e todos se libertam. É como um despertar da Matrix.
Uma das personagens, a chefona do streaming, ainda explica durante o episódio o porquê A Joan É Péssima vai para o pior lado de Joan. Ela diz que algo positivo não agrada as cobaias. As pessoas preferem ver o sofrimento, o medo e as falhas do outro para reafirmar essas coisas dentro de si. Tipo quando acontece um acidente e todo mundo passa mais lentamente para ver.