Precisamos falar sobre suicídio

Precisamos falar sobre suicídio

Suicídio é um tabu que precisa ser quebrado. Pouco se fala sobre o tema na imprensa e até em rodas de conversa que vez ou outra contam com papos mais densos. Existe um certo medo de tocar num assunto desse, por falta de conhecimento ou por receio dos resultados que uma opinião mal colocada podem gerar. Mas a matéria entrou em pauta e o motivo foi o sucesso de 13 Reasons Why, série original Netflix que foi lançada há dez dias.

Antes de qualquer coisa, é importante que se entenda o tamanho desse mal na sociedade. De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS)/Organização Mundial da Saúde (OMS), o suicídio é a segunda principal causa de morte entre jovens com idade entre 15 e 29 anos. 800 mil pessoas se matam todos os anos no mundo! 75% dos casos acontecem em países de baixa renda.

Segundo a OPAS/OMS, a relação entre distúrbios suicidas e mentais (em particular, depressão e abuso de álcool) está bem estabelecida em países de alta renda. Além disso, conflitos, desastres, violência, abusos ou perdas e um senso de isolamento estão fortemente associados com o comportamento suicida. As taxas também são elevadas em grupos vulneráveis que sofrem discriminação, como refugiados e migrantes; indígenas; lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros e intersexuais (LGBTI); e pessoas privadas de liberdade.

 

OS CASOS DE SUICÍDIO NO BRASIL

Por aqui, a entidade que enfrenta esse problema de frente é o Centro de Valorização da Vida (CVV), uma associação sem fins lucrativos que oferece apoio emocional e prevenção do suicídio há 55 anos. Segundo eles, no Brasil, uma pessoa se mata a cada 45 minutos. Conversamos com Adriana Rizzo, voluntária do CVV, que contou o que pode levar alguém a tomar tal decisão.

“Quem enxerga no suicídio a única saída, na maioria das vezes passa por situações emocionalmente complexas e não está conseguindo lidar com isso. São, por exemplo, sensações de solidão, perda, depressão e ansiedade, dependência química e aquela percepção de que ‘não vai dar, não vou conseguir sozinho’.”, explica Adriana.

Ao contrário do que possa se imaginar, o suicídio dificilmente é decidido de uma hora pra outra ou por um único motivo – apesar de existirem alguns casos que ocorrem de forma impulsiva em momento de crise, com um colapso na capacidade de lidar com os estresses da vida, tais como problemas financeiros, términos de relacionamento ou dores crônicas e doenças.

Porém, na maioria das vezes, é algo que vai ganhando forma e, que se não for compreendido ou diagnosticado, tende a ser consumado. “É uma soma de situações que vão se acumulando e, se a pessoa não conseguir esvaziar essa pressão interna, uma hora pode explodir e achar que morrer é a unica saída.”, diz a voluntária.

Daí a importância de se procurar um auxílio profissional quando a mente começa dar sinais de tristeza, solidão, exclusão ou esgotamento, dando origem a doenças como depressão ou síndrome do pânico, por exemplo. Esses são problemas graves e crescentes na sociedade atual e não podem ser tratados como “frescura” ou “algo passageiro”.

 

OS EFEITOS DE 13 REASONS WHY 

Apesar de algumas críticas à série Netflix apontarem que a produção poderia incentivar que jovens cometessem o suicídio, o que tem se percebido é o contrário, com aumento na conscientização de pais, filhos e instituições sobre o tema. A própria procura pelo CVV demonstra isso. Segundo a entidade, o recebimento de e-mails mais do que dobrou de sábado (01) até terça-feira (04) – pelo menos 50 pessoas citaram diretamente 13 Reasons Why em seus e-mails.

Veja esse vídeo do canal Iniciativa Solo pra entender sobre os assuntos tratados no seriado e o impacto positivo que isso teve na sociedade.

Ainda de acordo com Adriana Rizzo, a discussão e a compreensão sobre o suicídio são importantes para diminuir o número de casos no Brasil.

“Toda iniciativa que levantar o tema “suicídio” com a sutileza e conteúdo necessários para gerar prevenção por meio da sensibilização e conscientização é bem visto pelo CVV. O tema é um tabu e para reduzir os índices de suicídio, que no Brasil mata uma pessoa a cada 45 minutos, é preciso falar abertamente sobre o assunto nas escolas, dentro de casa, no trabalho, nas igrejas e todos os demais ambientes”, explica.

Pra quem precisa conversar sobre isso ou tem dificuldades de falar sobre determinados temas com um conhecido, pode procurar o CVV gratuitamente pelos seguintes canais:
Telefone: 141 – ou 188 no Rio Grande do Sul
Pessoalmente: 76 postos de atendimento em todo o país
Chat, e-mail e Skype, que são encontrados através do site www.cvv.org.br.

Os contatos são sigilosos e anônimos, a pessoa é acolhida com respeito e sem críticas, e por isso consegue tratar de assuntos delicados e íntimos.

A informação é a melhor prevenção ao suicídio!

 

+ ANÁLISE: POR QUE 13 REASONS WHY É UMA SÉRIE TÃO PERTURBADORA

Criador do Crônicas do Agora. Jornalista que trabalha com foco em SEO e na criação de conteúdos para diferentes plataformas. Interessado em boas conversas, textos e histórias. Já foi editor do Notícias da TV, além de ter atuado como social media, roteirista e produtor ao longo da carreira de mais de 11 anos. E-mail: viniandrade@cronicasdoagora.com.br
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