Felicidade dividida é felicidade multiplicada

Certa vez (vulgo ontem), estive pensando sobre como aprecio a solidão. Às vezes – bem de vez em quando -, isso me incomoda. Mas, num geral, sinto-me bem em meu individualismo fluido. 

Não sei se deveria fazê-lo.

Hoje, vive-se mais a sós. Em meio a todas as multidões que nos cercam diariamente, ficam para trás o olho no olho, a sinceridade, o toque. Guardam-se sorrisos. A vida em grupo é ato, fachada. O homem constrói uma muralha em torno de si, em tentativa inevitável de se proteger da incerteza tão característica de nossos dias.

Não há, no entanto como negar. Estar sozinho faz parte. Tirar nosso tempo para nós faz parte. Faz parte, e é indispensável. Mas, quando esse tempo se torna interminável, não temos como ignorar que algo está fora de balanço. O individualismo exacerbado interfere em nossa capacidade de sentir empatia. Torna-nos apáticos: letárgicos, arrisco-me a dizer.

Pois bem. Século XXI e chegamos a um impasse. Como conciliar o narcisismo desmedido ao (con)viver? Como transcender esse apocalipse de cada-um-por-si e embrenhar-se no “nós”?

Gostaria de saber a resposta. Fico, no entanto – como todos nós -, nas especulações. Mas algo é certo: não se vive em sociedade desde o início dos tempos por acaso. O viver não é suficiente para o humano, bicho curioso, incansável, que busca incessantemente o conviver. Conviver, compartilhar. Compartilhar! Segurar entre as mãos uma sensação e entregá-la a alguém.

Felicidade dividida é felicidade compartilhada.

Seja lá o que for, agarremo-nos a isso!

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