Cê tá com tempo? Anelis Assumpção quer jogar conversa dentro

Lembra do Itamar Assumpção? Se esse cara não é da sua época (tudo bem, não é da minha), ele é o compositor daquele “Meu amor por você chegou ao fim, é tudo o que tenho a dizer… Também não precisa sair assim, espere o dia amanhecer” que foi interpretada por Liniker no Fora da Caixa no ano passado. Lembrou? Então, ele teve duas filhas maravilhosas antes de falecer em 2003: Anelis e Serena Assumpção herdaram os dons musicais do pai e criaram discos maravilhosos. Serena faleceu em Março de 2016 e deixou o disco Ascensão para contar sua história. Hoje, falaremos de Anelis.

Mas… Cê tá com tempo?

Essa é a frase que abre o disco “Anelis Assumpção e Os Amigos Imaginários”  da cantora brasileira, que se apresenta no próximo dia 2 de Abril no Auditório Ibirapuera.

É no envolvente ritmo do baixo que inicio esse texto com um apelo: quando for ouvir esse álbum, ouça-o em sua ordem original. Deixa o aleatório pra playlist de concentração e pra corrida do final do dia. Ouvindo Anelis, siga a ordem escolhida e entenda o contexto no qual o disco foi criado. Pelo menos da primeira vez. Porque uma música complementa a outra e elas vem uma depois da outra por uma razão que fica muito clara assim que você chega em “Eu Gosto Assim” depois de ouvir “Cê tá com tempo?”.

A métrica das frases e a inteligência com a qual elas são criadas reflete diretamente na sonoridade das canções, que com certeza vão te fazer estalar os dedos na batida.

A vida sem regra é mais divertida
Mas tem que cuidar pra não espanar

O disco desenha uma história da qual você faz parte. Ele conta sobre mulheres fortes, amores reais e as confusões mentais que todos temos:

Em condições evolutivas
Pensamentos e emoções
Tufões fortes
Ventos lentos e atentos
Momentos sedentos de amor
Suba, aduba a terra
Plante no sertão
Os grãos do tufão
Boca de sino tem dente

 

As músicas são curtas, o final do disco é anunciado por um poema recitado por Kiko Dinucci e você, com certeza, depois de ouvir esse álbum, vai dizer que sim, tá com tempo pra com Anelis jogar conversa dentro. Lá fora o trajeto pode até ser inverso, mas com ela o papo é sempre da cabeça pra dentro.

A poesia da contradição escrevendo uma coletânea vitalícia de histórias que vivi e inventei.
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