OPINIÃO | O Rei do Show funciona como Musical, mas falha como biografia

OPINIÃO | O Rei do Show funciona como Musical, mas falha como biografia

A trama de O Rei do Show, que chega aos cinemas brasileiros dia 25 de dezembro, tem como foco principal o filho de um pobre alfaiate. O garoto sonhador almeja conquistar o mundo quando crescer, para que possa realizar seu mar de desejos improváveis. Anos após realizar seu pretensioso desejo de se casar com a filha do patrão de seu pai, Phineas Taylor Barnum (interpretado por Hugh Jackman) se vê desempregado e com uma família para sustentar. Com a ajuda da mente imaginativa de suas filhas, Barnum tem a ideia de criar um espetáculo composto pelas “aberrações” humanas, excluídas da sociedade por serem diferente dos padrões. A partir dessa ideia inovadora e arriscada, P. T. Barnum inaugura o que hoje conhecemos como o circo.

Tendo em vista o cuidado que se deve ter ao realizar uma produção cinematográfica, assistir ao novo projeto da 20th Century Fox é frustrante. O Rei do Show é uma cinebiografia musical que falha em sua proposta de narrar a vida do fundador do Barnum & Bailey Circus. O roteiro feito por Jenny Bicks e Bill Condon (conhecido por roteirizar os premiados musicais Chicago, de 2002, e  Dreamgirls, de 2006) se estabelece através de uma versão completamente romantizada e quase que inteiramente fictícia dos fatos ocorridos na vida da personagem de Jackman.

Para completar o erro, o longa não deixa nada claro durante seus 105 minutos de duração que a obra faz parte do gênero biográfico, fazendo com que o público apenas tome conhecimento disso ao final da película. Aliado a tudo isso, um outro perceptível defeito é a rapidez com que a história se desenrola. Há uma presente sensação durante o filme de que Bicks e Condon estavam montando o roteiro às pressas e não explanaram o suficiente os acontecimentos e os personagens.

A estreia do diretor Michael Gracey nas telonas é uma obra paradoxal para aqueles que amam a sétima arte. Há, como relatado, falhas tanto no cumprimento da veracidade ao retratar a vida de uma figura histórica, como na apresentação de um roteiro corrido e com o seu conteúdo mal aproveitado; contudo, a parte musical do filme é tão bem desenvolvida a ponto de fazer com que o espectador queira levantar da poltrona e para dançar ao som das maravilhosas músicas da trilha sonora.

O novo produto da Fox proporciona uma vivência sublime através de coreografias muito bem elaboradas e executadas. As letras criadas por Benj Pasek e Justin Paul (também conhecidos por seu trabalho premiado em La La Land: Cantando Estações) fazem de O Rei do Show um filme que merece ser visto por todos que apreciam o gênero e que queiram conhecer ótimas músicas que não sairão de suas cabeças.

Com três indicações para o Globo de Ouro e prováveis futuras indicações ao Oscar, Gracey promove, ao mesmo tempo, um verdadeiro show musical e uma história biográfica ruim. Tal paradoxo criará uma variação no fator de aceitação do público. Desse modo, O Rei do Show pode ser tanto um produto espetacular, como uma grande decepção regada de boas músicas. 

 

O REI DO SHOW

Veja esse vídeo emocionante de Hugh Jackman.

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Estudante de jornalismo curioso e apaixonado por história. Cinéfilo de carteirinha que ama o universo da sétima arte e deseja sempre estar ainda mais imerso nesse mundo.
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