CRÍTICA | Uma Dobra no Tempo

Uma dobra no tempo, dirigido por Ava DuVernay, chegou aos cinemas brasileiros no dia 29 de março com a promessa de ser um sucesso entre as crianças e os fãs do livro. Baseado no romance de mesmo nome escrito por Madeleine L’Engle, de 1962, o filme é uma ficção fantástica que retrata de um universo científico e criativo. De acordo com a diretora, o longa foi destinado para um público infantil, fazendo com que este se inteirasse da parte inicial desse vasto universo criado por Madeleine há décadas atrás. Existe um único problema em todo esse plano, ele não foi bem executado. Muito pelo contrário, o resultado é catastrófico.

O casal de cientistas Dr. Alexander e Dra. Kate Murry (Chris Pine e Gugu Mbatha-Raw) trabalham para o governo americano e estudam sobre as possibilidades de viagens dimensionais, através de uma dobra no tempo. Um dia, de maneira inesperada, Alexander desaparece. Após a chegada de uma estranha mulher (Reese Witherspoon) em suas vidas, Meg e Charles Walter (Storm Reid e Deric McCabe, respectivamente), filhos do casal de cientistas, irão embarcar numa jornada para salvar o pai. Mas, para isso, eles dois contarão com a ajuda de três mulheres de outra dimensão e um colega de sala de Meg para deter o mal que está aprisionando seu pai em outro mundo.

O longa-metragem representa o capítulo inicial de uma jornada dividida pela autora da saga em cinco livros. O filme, entretanto, não apresenta ao público nenhuma possibilidade de continuação. Ele simplesmente acaba da maneira mais estranha possível. As atuações são completamente artificiais e forçadas, como se todo o elenco fosse constituído por robôs e Kristens Stewarts. Até mesmo os efeitos especiais falham em alguns momentos – mas falham de uma maneira muito nítida e incômoda. A obra como um todo é repleta de falhas que fogem do alcance da diretora e terminam por dominar toda a produção, exatamente como o Aquilo – o pior vilão já feito – tenta fazer com as personagens da película.

O roteiro feito por Jennifer Lee (Detona Ralph, de 2012, e Frozen, de 2013) em parceria com Jeff Stockwell (Ponte para Terabítia, de 2007) é extremamente confuso, cheio de lacunas e não consegue prender a atenção de ninguém. Ao decorrer do longa, o público tenta se apegar a alguma das personagens, mas tudo acontece de maneira tão rápida e rasa que é impossível criar o vínculo espectador-personagem. Além disso, os acontecimentos são mal costurados, frágeis e bobos. 

Para alívio (ou nem tanto) de quem assiste Uma dobra no tempo, existem duas coisas que são boas nesse emaranhado de desastres. O ator mirim Deric McCabe é uma distração agradável durante o filme. Com toda a sua desenvoltura e talento, ele é capaz de trazer uma pitada de emoção nesse abismo de desânimo – isso até que o roteiro sem nexo destrua a sua atuação com aquela sequência final. A outra válvula de escape é a mensagem. Por mais clichê que seja, a Disney manteve ao menos o seu padrão de prestar lições de vida enriquecedoras para o público infantil.

A dúvida que resta acerca dessa produção é como será a sua desenvoltura ao decorrer dessa primeira semana. O resultado final dessa história nada mágica e pouco feliz será definido em breve. Números podem enganar. Uma bilheteria estrondosa ou razoável pode significar apenas que a Walt Disney Pictures tem um poder assustador atuando nas pessoas, fazendo com que até o seu lixo se torne luxo.

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Estudante de jornalismo curioso e apaixonado por história. Cinéfilo de carteirinha que ama o universo da sétima arte e deseja sempre estar ainda mais imerso nesse mundo.
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