A Morte te dá Parabéns | Os segredos do “fracasso” que deu certo
Quando as pessoas vão ao cinema sempre há aquela esfera de suposições, expectativas e desejos acerca do que as espera na telona. Alguns procuram loucamente curiosidades sobre o enredo, outros assistem todos os teasers e trailers existentes e ainda há aqueles que se aventuram e vão para uma sessão sem nem saber ao certo o nome do filme. Bem, eu sou daqueles que procura entender ao máximo a proposta da película e foi exatamente o que fiz com A Morte Te Dá Parabéns – slasher satírico da Blumhouse Produções, que estreou há um mês – e mesmo assim fui surpreendido.
A Morte te dá Parabéns se desenvolve no aniversário da personagem Tree Gelbman (interpretada por Jessica Rothe), em que ela será assassinada por uma pessoa mascarada. O desenrolar da trama acontece quando a Tree passa a reviver o dia da sua morte repetidas vezes até perceber que a única forma de acabar com esse loop temporal e se manter viva é descobrir a identidade de seu assassino.
Utilizando referências não muito claras a outras obras de terror (como as franquias Pânico e Halloween) unido a ideia principal da comédia Feitiço do Tempo, de 1993 – estrelada pelo brilhante Bill Murray -, o enredo se perde e finaliza com diversas pontas soltas. Com um roteiro carente e um plot twist mais do que óbvio e esperado, o terror satírico falha miseravelmente na sua função principal: a de um filme do gênero slasher.
Num filme de terror satírico bem balanceado, a comédia viria para contrapor e amenizar as mortes e a tensão causadas pelo clima de horror. Nesse, entretanto, o cômico passa a ser o alicerce principal que guia a história e, por consequência, o espectador. Diferente de Todo mundo em pânico, que soube dosar – mesmo que apenas nos primeiros filmes – os artifícios da comédia ao seu favor, a nova produção transforma o suposto enredo macabro em uma comédia escrachada.
A Morte te dá Parabéns consegue, por meios tortuosos, cativar um público diversificado por ser uma curva dentro da normalidade. Sua inesperada “falha” acabou tornando-se seu maior aliado para que um filme sem muito prestígio pudesse arrecadar quase que 18 vezes o valor de seu orçamento. O crossover de Pânico com Feitiço do Tempo vai fazer com que ainda haja muitas discussões, além de marcar a história do gênero que ele ajudou a desconstruir, provando que há sempre um novo jeito de se fazer filmes – mesmo que de formas bem diferentes.